"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

BRASIL DÁ RAZÃO A OTIMISTAS E PESSIMISTAS SOBRE O FUTURO DA DEMOCRACIA




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Charge do Giancarlo, reproduzida do Arquivo Google
Quanto mais interessados numa determinada causa, menor a probabilidade de engajamento individual na sua promoção. É mais fácil organizar um lobby industrial para obter privilégios estatais do que aglutinar suas vítimas, os consumidores e os contribuintes, para combatê-lo. Essa lei de ferro da ação coletiva tem assombrado as perspectivas das democracias modernas. Os pessimistas, evocando Thomas Jefferson, chegaram a advogar a necessidade de revoluções periódicas a fim de restabelecer a vontade coletiva sobre a percolação dos grupos de pressão.
Os otimistas, ressaltando o sucesso histórico dos regimes mais abertos, identificam na própria dinâmica dessas sociedades os antídotos contra a predação paralisante.
DUAS VERTENTES – A democracia brasileira oferece uma espécie de “reality show” para decidir qual das duas vertentes tem mais conexão com os fatos. A ala mais cética enfatiza o estrago metastático causado pelas oligarquias políticas, sindicais, empresariais e corporativas nos últimos anos.
O grupo esperançoso ressalta as respostas imunológicas do regime à infecção, a começar da Lava Jato com sua afirmação exemplar de que a lei vale para todos. O impeachment, ao punir com algo bem menos violento que uma revolução práticas perdulárias levadas ao extremo pelo poder de oligarquias, também figura nesse rol.
NOVAS LIDERANÇAS – Os otimistas afirmam que, em momentos de estresse, um sistema político aberto e competitivo incentiva a ascensão de lideranças alicerçadas em causas difusas e dispostas a derrotar grupos de interesse.
A firmeza de Paulo Hartung diante de PMs amotinados no Espírito Santo e iniciativas de João Doria em São Paulo para desfazer monopólios parecem sinais dessa reação. A reaglutinação de interesses anti-Lava Jato em Brasília e a capitulação do Rio após ameaças corporativistas alimentam a preocupação dos mais pessimistas.

14 de fevereiro de 2017
Vinicius Mota
Folha

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