A manutenção dos pobres na pobreza não é apenas resultado da concentração de renda e apropriação privada das riquezas produzidas pela coletividade.
O paternalismo abraçado pelas chamadas forças progressistas, após o fracasso das experiências da famosa Cortina de Ferro, passou a considerar as classes populares como vítimas de tudo e incapazes de se autodeterminar.
Políticas públicas de todos os tipos, bolsas e auxílios passaram a ditar a moda dos movimentos sociais organizados, especialmente as organizações não-governamentais.
A manutenção de serviços públicos que não prestam também virou um dogma. O mais interessante, nesse caso, é que quem os defende não os usa e quem os utiliza vive a deles reclamar.
Quanto mais se destinam verbas para tais serviços, remédios somem, faltam equipamentos e os usuários vivem torturados nas filas dos hospitais, até que conseguem ficar em um corredor ou morrer à míngua. Então, de que adiantou tanto dinheiro público enterrado num sistema que não funciona?
Posicionar-se no sentido de que algo mude no SUS, por exemplo, é visto como uma indignidade e o proponente é logo apontado como reacionário. Enquanto isso, os que o defendem consomem suas economias nos planos privados de saúde.
Com a escola pública, o drama é o mesmo. Os salários nunca são satisfatórios, embora representem 93% do orçamento do setor, restando apenas 7% para investimento e custeio. Assim, as escolas vão ficando estragadas, feias, sujas e desorganizadas, enquanto os professores fazem greve e matriculam seus filhos nos colégios particulares, que também são um engodo, nada ensinam e transferem para os pais a maioria das tarefas escolas, por meio dos chamados “deveres de casa” intermináveis.
Será que vale a pena manter toda esse sumidouro de dinheiro em funcionamento? Não seria melhor financiar os estudos e subsidiar o atendimento ao público em redes privadas supervisionadas pelo Estado, como já se faz com as creches?
O ensino superior é um escândalo: a classe média baixa e os mais pobres só conseguem estudar em faculdades privadas, enquanto a universidade pública, defendida com unhas e dentes, é reservada aos filhos dos ricos, que estudam em colégios particulares quando pequenos e se preparam para nada pagar no terceiro grau. É uma pirâmide que poderia ser invertida, mas não é e a injustiça se perpetua.
14 de fevereiro de 2017
Miguel Lucena é jornalista e delegado da Polícia Civil do Distrito Federal.
O paternalismo abraçado pelas chamadas forças progressistas, após o fracasso das experiências da famosa Cortina de Ferro, passou a considerar as classes populares como vítimas de tudo e incapazes de se autodeterminar.
Políticas públicas de todos os tipos, bolsas e auxílios passaram a ditar a moda dos movimentos sociais organizados, especialmente as organizações não-governamentais.
A manutenção de serviços públicos que não prestam também virou um dogma. O mais interessante, nesse caso, é que quem os defende não os usa e quem os utiliza vive a deles reclamar.
Quanto mais se destinam verbas para tais serviços, remédios somem, faltam equipamentos e os usuários vivem torturados nas filas dos hospitais, até que conseguem ficar em um corredor ou morrer à míngua. Então, de que adiantou tanto dinheiro público enterrado num sistema que não funciona?
Posicionar-se no sentido de que algo mude no SUS, por exemplo, é visto como uma indignidade e o proponente é logo apontado como reacionário. Enquanto isso, os que o defendem consomem suas economias nos planos privados de saúde.
Com a escola pública, o drama é o mesmo. Os salários nunca são satisfatórios, embora representem 93% do orçamento do setor, restando apenas 7% para investimento e custeio. Assim, as escolas vão ficando estragadas, feias, sujas e desorganizadas, enquanto os professores fazem greve e matriculam seus filhos nos colégios particulares, que também são um engodo, nada ensinam e transferem para os pais a maioria das tarefas escolas, por meio dos chamados “deveres de casa” intermináveis.
Será que vale a pena manter toda esse sumidouro de dinheiro em funcionamento? Não seria melhor financiar os estudos e subsidiar o atendimento ao público em redes privadas supervisionadas pelo Estado, como já se faz com as creches?
O ensino superior é um escândalo: a classe média baixa e os mais pobres só conseguem estudar em faculdades privadas, enquanto a universidade pública, defendida com unhas e dentes, é reservada aos filhos dos ricos, que estudam em colégios particulares quando pequenos e se preparam para nada pagar no terceiro grau. É uma pirâmide que poderia ser invertida, mas não é e a injustiça se perpetua.
14 de fevereiro de 2017
Miguel Lucena é jornalista e delegado da Polícia Civil do Distrito Federal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário