Parece que o Brasil se transformou mesmo num chiqueiro: tem sujeira por todos os lados. Só nos últimos dias estão acontecendo coisas que nos repugnam e nos obrigam a usar máscaras no nariz, não contra os micróbios, mas para enfrentar o cheiro: caso Geddel, anistia ao caixa 2, projeto do Renan contra o abuso de autoridade, Sergio Cabral, Antony Garotinho, delação da Odebrecht, e tantas outras lambanças que povoam o noticiário, deixam-nos envergonhados e descrentes do futuro do país, pelo menos no curto prazo.
O “affaire” Geddel Vieira Lima é demais. Com a maior desfaçatez, o cara utiliza seu poderoso cargo no governo em proveito próprio como se isso fosse natural. Talvez até tenha sido no passado quando os políticos praticavam o patrimonialismo com a maior cara de pau, misturando o patrimônio público com o privado. Hoje não dá mais, já que a reação popular é imediata graças à internet. A emotiva renúncia do Geddel não resolve o problema. Ele é apenas mais um ministro que sai, dentro dos seis que já pediram as contas: um por mês no governo Temer. O nojo da situação vai ficar, apesar das manifestações de solidariedade dos líderes dos partidos (Tancredo Neves já dizia que político que precisa de manifestação de apoio já era...). O Geddel não mudou nada desde que foi citado no famoso escândalo dos Anões do Orçamento. Naquela época, livrou-se de condenação. Desta vez já está condenado pela opinião pública, se o Conselho de Ética do Palácio do Planalto não lhe aplicar outras penas. Além de não mudar, parece que o Geddel não aprendeu que ganhar apartamento em troca de tráfico de influência não é uma boa. Vide o caso do Lula com o triplex do Guarujá. Só que desta vez, a sujeira respingou noutros poderosos, tipo Eliseu Padilha e no próprio Presidente da República, além da ministra chefa da AGU, destacada para ajeitar as coisas...
O ressuscitado projeto do senador Renan Calheiros, que trata de abusos de autoridade, é mais uma tentativa solerte de amordaçar a Lava Jato. É tão simples assim. Ele, Renan, deveria ter perseguido esta sua iniciativa em 2009, quando a elaborou, e não agora quando está sendo investigado em nada menos do que 12 processos diferentes. O que ele quer agora, em regime de urgência, é amedrontar a Policia Federal, o Ministério Público e a Justiça, nada mais do que isso.
Outro crime hediondo de lesa pátria que está no forno é a tal da anistia ao caixa 2. Este é de arrepiar os cabelos de defuntos. O Brasil deve ser o único país do mundo que propõe criminalizar o crime. Caixa 2 é crime! O professor Luiz Flavio Gomes, entre outros e em excelente artigo publicado recentemente, desfaz qualquer dúvida. Tipifica o caixa 2 como crime de lavagem de dinheiro, de falsidade ideológica, de crime de colarinho branco, de crime tributário, etc. Nós não precisamos ser especialistas como ele para entender exatamente o que querem os parlamentares: livrar-se da prisão, já que os que ainda não estão denunciados poderão vir a sê-lo na lista negra da Odebrecht. O raciocínio é muito simples: é melhor enfrentar a opinião pública do que uma temporada na cadeia. Se não ficarmos vigilantes eles aprovam esta indecência ainda esta semana, o que seria um golpe mortal na Lava Jato, além de uma bofetada na nossa cara. De que valeria continuar investigando e julgando estes malfeitores se de antemão estariam anistiados, os santinhos? Estes políticos se dizem representantes do povo. Mas de que povo? De que país?
O caso do ex-governador Sérgio Cabral é mais um episódio revoltante: o cara roubou adoidado do povo carioca, cujo estado está em calamidade financeira. Não paga ninguém, funcionários e aposentados estão arriscados a não receber seus proventos enquanto ele desfilava com 20 ternos Ermenegildo Zegna, de 50 mil cada, sua mulher comprava joias de princesa pagando com dinheiro vivo e passeando de iate com os amigos. Sergio Cabral, detrás das grades, deve estar pensando: será que valeu a pena?
O caso Garotinho até que é interessante porque indica que a justiça não vai aceitar mais a tradicional compra de votos com dinheiro público.
A delação do século, a da Odebrecht, está finalmente por sair. Dizem que vai arrolar e enrolar mais de 200 políticos. Vai ser uma beleza. Talvez seja a nossa grande chance de faxina geral.
Dia 4 de dezembro haverá mais uma manifestação na Avenida Paulista. Uma manifestação contra o Congresso. Será o povo se rebelando contra seus “representantes”, na esperança de que os três porquinhos, que somos nós, comam o lobo faminto que está devorando a nação.
Vou nessa.
01 de dezembro de 2016
Faveco Corrêa é publicitário.
O “affaire” Geddel Vieira Lima é demais. Com a maior desfaçatez, o cara utiliza seu poderoso cargo no governo em proveito próprio como se isso fosse natural. Talvez até tenha sido no passado quando os políticos praticavam o patrimonialismo com a maior cara de pau, misturando o patrimônio público com o privado. Hoje não dá mais, já que a reação popular é imediata graças à internet. A emotiva renúncia do Geddel não resolve o problema. Ele é apenas mais um ministro que sai, dentro dos seis que já pediram as contas: um por mês no governo Temer. O nojo da situação vai ficar, apesar das manifestações de solidariedade dos líderes dos partidos (Tancredo Neves já dizia que político que precisa de manifestação de apoio já era...). O Geddel não mudou nada desde que foi citado no famoso escândalo dos Anões do Orçamento. Naquela época, livrou-se de condenação. Desta vez já está condenado pela opinião pública, se o Conselho de Ética do Palácio do Planalto não lhe aplicar outras penas. Além de não mudar, parece que o Geddel não aprendeu que ganhar apartamento em troca de tráfico de influência não é uma boa. Vide o caso do Lula com o triplex do Guarujá. Só que desta vez, a sujeira respingou noutros poderosos, tipo Eliseu Padilha e no próprio Presidente da República, além da ministra chefa da AGU, destacada para ajeitar as coisas...
O ressuscitado projeto do senador Renan Calheiros, que trata de abusos de autoridade, é mais uma tentativa solerte de amordaçar a Lava Jato. É tão simples assim. Ele, Renan, deveria ter perseguido esta sua iniciativa em 2009, quando a elaborou, e não agora quando está sendo investigado em nada menos do que 12 processos diferentes. O que ele quer agora, em regime de urgência, é amedrontar a Policia Federal, o Ministério Público e a Justiça, nada mais do que isso.
Outro crime hediondo de lesa pátria que está no forno é a tal da anistia ao caixa 2. Este é de arrepiar os cabelos de defuntos. O Brasil deve ser o único país do mundo que propõe criminalizar o crime. Caixa 2 é crime! O professor Luiz Flavio Gomes, entre outros e em excelente artigo publicado recentemente, desfaz qualquer dúvida. Tipifica o caixa 2 como crime de lavagem de dinheiro, de falsidade ideológica, de crime de colarinho branco, de crime tributário, etc. Nós não precisamos ser especialistas como ele para entender exatamente o que querem os parlamentares: livrar-se da prisão, já que os que ainda não estão denunciados poderão vir a sê-lo na lista negra da Odebrecht. O raciocínio é muito simples: é melhor enfrentar a opinião pública do que uma temporada na cadeia. Se não ficarmos vigilantes eles aprovam esta indecência ainda esta semana, o que seria um golpe mortal na Lava Jato, além de uma bofetada na nossa cara. De que valeria continuar investigando e julgando estes malfeitores se de antemão estariam anistiados, os santinhos? Estes políticos se dizem representantes do povo. Mas de que povo? De que país?
O caso do ex-governador Sérgio Cabral é mais um episódio revoltante: o cara roubou adoidado do povo carioca, cujo estado está em calamidade financeira. Não paga ninguém, funcionários e aposentados estão arriscados a não receber seus proventos enquanto ele desfilava com 20 ternos Ermenegildo Zegna, de 50 mil cada, sua mulher comprava joias de princesa pagando com dinheiro vivo e passeando de iate com os amigos. Sergio Cabral, detrás das grades, deve estar pensando: será que valeu a pena?
O caso Garotinho até que é interessante porque indica que a justiça não vai aceitar mais a tradicional compra de votos com dinheiro público.
A delação do século, a da Odebrecht, está finalmente por sair. Dizem que vai arrolar e enrolar mais de 200 políticos. Vai ser uma beleza. Talvez seja a nossa grande chance de faxina geral.
Dia 4 de dezembro haverá mais uma manifestação na Avenida Paulista. Uma manifestação contra o Congresso. Será o povo se rebelando contra seus “representantes”, na esperança de que os três porquinhos, que somos nós, comam o lobo faminto que está devorando a nação.
Vou nessa.
01 de dezembro de 2016
Faveco Corrêa é publicitário.
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