Reportagem de Isabela Bonfim, Julia Lindner e Erich Decat, no Estadão, traz uma indicação segura sobre alguns dos integrantes da poderosa bancada da corrupção no Senado. Nesta quarta-feira, dia 30, quinze deles se apresentaram ao respeitável público, ao manifestarem apoio à “urgência urgentíssima” para votar o projeto Frankenstein que desfigurou o pacote anticorrupção e foi aprovado na Câmara na calada da noite, depois das 4 horas da madrugada, confirmando que os corruptos têm problemas para conciliar o sono. Além de Renan Calheiros (PMDB-AL), que não votou por presidir a sessão, os seguintes senadores apoiaram o projeto pró-corrupção – Pastor Valadares (PDT-RO); Roberto Requião (PMDB-PR); Valdir Raupp (PMDB-RO); Vicentinho Alves (PR-TO); Zezé Perrela (PTB-MG); Ciro Nogueira (PP-PI); Fernando Collor (PTC-AL); Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE); Benedito de Lira (PP-AL); Hélio José (PMDB-DF); Humberto Costa (PT-PE); Ivo Cassol (PP-RO); João Alberto Souza (PMDB-MA); e Lindbergh Farias (PT-RJ).
Muitos outros a favor da inviabilização da Lava Jato, inclusive alguns envolvidos nas investigações, tiraram o time de campo na hora da verdade, como Edison Lobão (PMDB-MA), Jader Barbalho (PMDB-PA); Gleisi Hoffmann (PT-PR), Romero Jucá (PMDB-AM) e Aécio Neves (PSDB-MG),
PRECIPITAÇÃO – No afã de garantir o prosseguimento da chamada Operação Abafa, o presidente do Senado, Renan Calheiros, articulou com lideranças de alguns partidos a votação de urgência para o chamado pacote anticorrupção, que foi quase totalmente desvirtuado na Câmara, transformando-se num projeto pró-corrupção.
O requerimento foi assinado por lideranças do PSD, PMDB e PTC, mas segundo apurou o Estadão, a proposta também contava com o apoio do PT e do líder do PSDB, Aécio Neves (MG), que também teria participado da reunião sobre a proposta com Renan e o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE). A estratégia era aprovar a urgência silenciosamente, mas a manobra foi percebida pelos outros senadores, que fizeram forte oposição à iniciativa.
Se o requerimento de urgência tivesse sido aceito, o projeto Frankenstein da Câmara poderia ir à votação imediatamente no Senado, sem qualquer exame das polêmicas modificações feitas ao parecer do relator Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que foram consideradas abusivas e revoltantes pelo Ministério Público e por associações de magistrados.
BRIGA DURA – É claro que terá de haver uma briga dura no Senado, para evitar a aprovação desse pacote indigno. A bancada pró-corrupção é muito forte e influente, não há a menor dúvida. Há realmente possibilidade de o projeto Frankenstein ser aprovado, como ocorreu na Itália, quando o Parlamento inviabilizou o prosseguimento da famosa Operação Mãos Limpas.
Acontece que naquela época não havia internet, era mais fácil fazer conchavos e armações. Agora, o contexto é totalmente diverso. Se os políticos não se enquadrarem, ficarão desmoralizados. As redes sociais não perdoam e estão fazendo uma revolução mundial, que esta atingindo em cheio a imagem dos políticos profissionais e possibilita até inquietantes retrocessos, como o surgimento de falsos líderes como Donald Trump, a maior incógnita da história política contemporânea. Na verdade, ninguém sabe como ele irá se comportar à frente da mais poderosa nação do mundo. Mas isso já é outro assunto.
01 de dezembro de 2016
Carlos Newton
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