"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 4 de dezembro de 2016

MORRE O POETA FERREIRA GULLAR, MAS SUA ARTE VIVERÁ PARA SEMPRE

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O poeta, escritor e teatrólogo maranhense Ferreira Gullar morreu neste domingo (4) no Rio, aos 86 anos. Gullar é um dos maiores autores brasileiros do século 20 e foi eleito “imortal” da Academia Brasileira de Letras (ABL) em 2014, ocupando a cadeira nº 37. Em nota, o hospital Copa D’Or, na Zona Sul do Rio, confirma a morte de Gullar, mas não diz tempo de internação ou causa da morte a pedido da família do escritor.
Ainda não há informações sobre velório e enterro. Segundo o jornal “O Globo”, o escritor estava internado por complicações pulmonares e desenvolveu uma pneumonia.
Nascido José de Ribamar Ferreira em São Luís (MA), em 10 de setembro de 1930, Ferreira Gullar cresceu em sua cidade natal e decidiu se tornar poeta na adolescência. Com 18 anos, passou a frequentar os bares da Praça João Lisboa e o Grêmio Lítero-Recreativo da cidade. Aos 19 anos, descobriu a poesia moderna depois de ler Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira.
EXPERIMENTAL RADICAL – O perfil de Gullar no site da ABL informa que, inicialmente, o escritor “ficou escandalizado com esse tipo de poesia”, mas mais tarde aderiu ao estilo, tornando-se “um poeta experimental radical”. Certa vez, ao comentar o período, afirmou: “Eu queria que a própria linguagem fosse inventada a cada poema”.
Nessa época, trabalhou no volume de poesia “A luta corporal” (1954), que o lançou no cenário nacional. Essa obra que resultou de “uma implosão da linguagem poética” é associada ao surgimento da poesia concreta. Gullar, porém, romperia com o grupo mais tarde, passando a fazer parte do movimento neoconcreto, ao lado de artistas plásticos e poetas do Rio.
NEOCONCRETISTA – Foi Gullar quem escreveu o manifesto que marcou a aparição, em 1959, do movimento neoconcreto, do qual também foram expoentes artistas como Lygia Clark e Hélio Oiticica. No mesmo ano, saiu o ensaio “Teoria do não-objeto”, outro texto fundamental do movimento.
Dentre as obras neoconcretas de Gullar, destacaram-se o “livro-poema”, o “poema espacial” e “poema enterrado”.
Derradeiro trabalho neoconcreto do poeta, este último consistia de uma sala que ficava no subsolo do espaço de exposição. A ela, chegava-se por uma escada. Quem “entrava” no poema encontrava lá embaixo um cubo vermelho. Dentro dele, um cubo verde. E dentro deste, um outro cubo, branco, onde se lia em uma das faces a palavra “rejuvenesça”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Conheci Ferreira Gullar na boemia, durante anos a fio frequentávamos praticamente toda noite o mesmo boteco, chamado “Calipso”, que ficava ao lado do Zepellin, na Av. Visconde de Pirajá, em Ipanema. Ele era casado com Thereza Aragão, atriz, produtora e militante política, muito bonita e interessante, quem comandava a grande mesa redonda era ela, uma espécie de abelha-rainha, que todos nós adorávamos, especialmente os sambistas das rodas de toda segunda-feira no Teatro Opinião. Ela morreu muito cedo, em 1993, os dois sofreram muito por causa dos filhos, Gullar se recolheu, abandonou a boemia. Soube que ele depois estabeleceu um relacionamento estável com apoetisa Claudia Ahimsa, mas moravam separados. O poeta do “Poema Sujo” tinha a alma limpa, era uma grande figura, foi até parceiro de Heitor Villa-Lobos, e não é preciso dizer mais nada. (C.N.)

04 de dezembro de 2016
Deu no G1

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