Revoltado com aquilo que desonestamente define como “lei da mordaça”, o professor doutrinador tem a pachorra de aparecer em público para defender o direito de – mesmo recebendo um salário pago com o dinheiro suado do pagador de impostos – usar seu tempo de aula para falar o que quiser. Se alguém reclamar, “então estamos diante do fim da liberdade de expressão do professor”.
Ou seja, qualquer profissional deve atender a um objetivo. Menos um: o professor doutrinado. Em sua visão, ele é o único profissional da face da Terra que pode fazer exatamente o que lhe der na telha. Basta ele dizer o que tiver vontade. E ainda ganha para isso.
Mas não é só: os professores doutrinadores não apenas são arrogantes o suficiente para defender em público o direito de fazer o que quiser em uma sala de aula, como também querem proibir os alunos de reclamarem caso forem vítimas de bullying e abuso na ocasião de discordarem da doutrinação.
Um aluno poderia filmar essas aulas para denunciar o doutrinador, ao menos para a opinião pública? Não na visão do professor doutrinador, que precisa ter o poder total para fazer o que quiser. De novo, foque nisso: o que quiser. Se é ele que manda em um ambiente onde pode ficar em uma sala de aula fechada com alunos, não pode ser atrapalhado em nenhuma de suas intenções, mesmo que sejam as piores possíveis.
Para fazer tudo isso, o professor doutrinador depende, então, de marcar terreno em uma sala de aula fechada, recinto onde pode se aproveitar da vulnerabilidade psicológica de seus alunos diante dele.
Na luta contra a doutrinação escolar, fica óbvio para qualquer pessoa com um olhar mais crítico de que a luta é contra o cúmulo da covardia. Só muito cinismo para que um professor doutrinador consiga defender tamanha afronta em público. E só muita apatia para que não tenhamos nos rebelado quanto a isso no tom adequado ainda.
17 de outubro de 2016
ceticismo político
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