LOBISTA COMPARA PAGAMENTO DE PROPINA A SEGURO DE CARRO
'O SR. NÃO QUER NUNCA USAR, MAS PAGA', DIZ LOBISTA AO DEPOR
Em depoimento prestado ao corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Herman Benjamin, o lobista Zwi Skornicki confirmou o pagamento em contas no exterior de US$ 4,5 milhões em nove parcelas a Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas eleitorais de Dilma Rousseff em 2010 e 2014. O lobista, ex-representante no Brasil do estaleiro Keppel Fels, comparou o pagamento de propina a um seguro de carro.
“É como se o senhor fizesse um seguro de carro: o senhor não quer nunca usar, mas paga. Basicamente era dessa forma”, afirmou o lobista em depoimento prestado no mês passado, no âmbito do processo que pode levar à cassação da chapa que elegeu Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014.
“Simplesmente o senhor Vaccari (João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT) disse: eu preciso pagar à senhora Mônica cinco milhões de dólares. Então o senhor tira da minha conta corrente, vou dar o seu celular para ela e ela vai entrar em contato contigo e vocês se acertam”, afirmou Skornicki.
Questionado se haveria ameaça ou retaliação caso os pagamentos não fossem realizados, respondeu: “O senhor sentia subliminarmente que, realmente, existia alguma coisa por trás. Que se não participasse, alguém... um outro faria o gol no meu lugar. Quer dizer, no lugar da Keppel.”
Pressão. Em outro depoimento, Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, reafirmou que houve pedidos de propina de dirigentes e de pessoas ligadas ao PMDB e ao PT nas eleições de 2014. Ele afirmou que não tinha relação de amizade com Dilma ou com Temer, mas que teve reuniões formais com ambos em várias ocasiões, todas “amplas e divulgadas”.
Ele ressaltou que o esquema de propina não se limitou à Petrobrás. Parte do dinheiro desviado, de acordo com ele, foi referente à usina de Belo Monte, sendo paga também por meio de doações eleitorais. Nas eleições de 2014, a Andrade Gutierrez reservouR$ 104 milhões para contribuições.
Azevedo citou acordos envolvendo ex-ministros como Antonio Palocci, preso em Curitiba, Edson Lobão, atualmente senador e investigado no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro Delfim Netto, além de pessoas próximas a Dilma, como Giles Azevedo, ex-secretário do gabinete pessoal da petista.
As ações que contestam as contas da chapa que elegeu Dilma e Temer em 2014 foram impetradas pelo PSDB, que aponta abuso de poder econômico nas eleições. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, já indicou que o julgamento deve ocorrer apenas no ano que vem.
Dilma tem negado irregularidades, enquanto a defesa de Temer tenta separar o processo por entender que não teve responsabilidade sobre as contas da campanha. (AE)
07 de outubro de 2016
diário do poder
'O SR. NÃO QUER NUNCA USAR, MAS PAGA', DIZ LOBISTA AO DEPOR
SKORNICKI CONFIRMOU O PAGAMENTO EM CONTAS NO EXTERIOR DE US$ 4,5 MILHÕES EM NOVE PARCELAS A MÔNICA MOURA (FOTO: FACEBOOK/ REPRODUÇÃO) |
Em depoimento prestado ao corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Herman Benjamin, o lobista Zwi Skornicki confirmou o pagamento em contas no exterior de US$ 4,5 milhões em nove parcelas a Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas eleitorais de Dilma Rousseff em 2010 e 2014. O lobista, ex-representante no Brasil do estaleiro Keppel Fels, comparou o pagamento de propina a um seguro de carro.
“É como se o senhor fizesse um seguro de carro: o senhor não quer nunca usar, mas paga. Basicamente era dessa forma”, afirmou o lobista em depoimento prestado no mês passado, no âmbito do processo que pode levar à cassação da chapa que elegeu Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014.
“Simplesmente o senhor Vaccari (João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT) disse: eu preciso pagar à senhora Mônica cinco milhões de dólares. Então o senhor tira da minha conta corrente, vou dar o seu celular para ela e ela vai entrar em contato contigo e vocês se acertam”, afirmou Skornicki.
Questionado se haveria ameaça ou retaliação caso os pagamentos não fossem realizados, respondeu: “O senhor sentia subliminarmente que, realmente, existia alguma coisa por trás. Que se não participasse, alguém... um outro faria o gol no meu lugar. Quer dizer, no lugar da Keppel.”
Pressão. Em outro depoimento, Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, reafirmou que houve pedidos de propina de dirigentes e de pessoas ligadas ao PMDB e ao PT nas eleições de 2014. Ele afirmou que não tinha relação de amizade com Dilma ou com Temer, mas que teve reuniões formais com ambos em várias ocasiões, todas “amplas e divulgadas”.
Ele ressaltou que o esquema de propina não se limitou à Petrobrás. Parte do dinheiro desviado, de acordo com ele, foi referente à usina de Belo Monte, sendo paga também por meio de doações eleitorais. Nas eleições de 2014, a Andrade Gutierrez reservouR$ 104 milhões para contribuições.
Azevedo citou acordos envolvendo ex-ministros como Antonio Palocci, preso em Curitiba, Edson Lobão, atualmente senador e investigado no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro Delfim Netto, além de pessoas próximas a Dilma, como Giles Azevedo, ex-secretário do gabinete pessoal da petista.
As ações que contestam as contas da chapa que elegeu Dilma e Temer em 2014 foram impetradas pelo PSDB, que aponta abuso de poder econômico nas eleições. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, já indicou que o julgamento deve ocorrer apenas no ano que vem.
Dilma tem negado irregularidades, enquanto a defesa de Temer tenta separar o processo por entender que não teve responsabilidade sobre as contas da campanha. (AE)
07 de outubro de 2016
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