"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 22 de outubro de 2016

CASO DECIDA PARTIR PARA A DELAÇÃO, CUNHA PODE DE FATO ABALAR O NOVO GOVERNO

Charge do Nani (nanihumor.com)

A prisão preventiva de Eduardo Cunha, efetivada nesta quarta-feira num prazo vertiginoso desde que o caso do deputado cassado chegou às mãos do juiz Sérgio Moro é um revés para o governo Michel Temer, pelo potencial estrago que uma eventual delação do ex-todo poderoso presidente da Câmara pode causar no coração do PMDB.

É, ao mesmo tempo, um cala-boca definitivo nas teorias conspiratórias difundidas pelo PT de que a Lava Jato estaria empreendendo uma “caçada” ao ex-presidente Lula, cujo objetivo final seria exterminar o projeto político petista. Se assim fosse, como explicar que o inimigo número um do petismo tenha sido colhido pela Lava Jato antes de Lula? Ou bem Moro age de acordo com as leis para prender Cunha — e então o mesmo valerá para as medidas relativas a Lula –ou é arbitrário em ambas.

OPERAÇÃO ABAFA – Justamente por colocar o governo ainda mais na mira, a queda de Cunha deve acelerar as tratativas pluripartidárias que já estão em curso para tentar conter a Lava Jato, como um projeto do senador Romero Jucá que endurece as punições e muda os conceitos de abuso de autoridade.

Cunha foi, por muito tempo, uma espécie de caixa único do PMDB, responsável por arrecadar recursos com empresas e repassá-los a candidatos do partido país afora.

Esse “serviço” ajudou a galvanizar sua enorme influência no partido e junto a grupos empresariais poderosos, cujos interesses ajudava a encaminhar na Câmara.

Caso decida partir para a delação, agora que está preso sem perspectiva de sair, Cunha pode de fato abalar o novo regime.



22 de outubro de 2016
Vera Magalhães
Estadão

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