"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 22 de outubro de 2016

EXTINGUIR A REELEIÇÃO COM PRORROGAÇÃO É OBSCENIDADE

Charge do Cláudio, reprodução do UOL

Extinguir o princípio constitucional da reeleição parece tendência majoritária no Congresso, no meio da reforma política, mas um obstáculo de razoáveis proporções ameaça deixar tudo como está. Não podendo prefeitos, governadores e presidentes da República permanecer dois mandatos no poder, ou seja, quatro mais quatro anos, muita gente acha que seria natural a fixação de seus períodos de governo em cinco anos.

Por esperteza ou pela lei das compensações, mas em nome da coincidência das eleições, deputados reivindicam a mesma extensão, sendo que por analogia aos senadores caberiam mandatos de dez anos.

Aqui as coisas passam a cheirar mal. Mesmo havendo equidade, não haverá quem deixe de estranhar a prorrogação de mandatos. Assim, logo surgirão propostas para os mandatos legislativos permanecerem como se encontram, aumentados apenas os executivos, indo para o espaço a coincidência de mandatos. Claro que as opiniões vão divergir, sobrevindo então a fórmula bem brasileira: deixar tudo como está, inclusive a reeleição…

REELEIÇÃO GARANTIDA – Não tem limite o mal feito às nossas instituições pela permissibilidade de um mandatário poder disputar um segundo período ainda no exercício do primeiro, sem precisar desincompatibilizar-se. É preciso ser muito incompetente para perder uma eleição assim, quando o cidadão dispõe da caneta e do diário oficial, além de diversas mordomias. Tem acontecido, registrado-se que nem Dilma Rousseff perdeu a reeleição.

Tamanha aberração foi instituída por Fernando Henrique, acusado de haver comprado votos no Legislativo em pleno primeiro mandato. Não perdeu o segundo, assim como o Lula e a já referida Dilma.

Numa projeção ainda indefinida, fica obvio que Michel Temer também não perderia, mesmo por enquanto valendo seu juramento de que não concorrerá. Esse talvez seja o maior argumento para o fim da reeleição, não obstante a obscena prorrogação já engendrada.



22 de outubro de 2016
Carlos Chagas

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