"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

MARCELO ODEBRECHT DECIDE FALAR E VAI DESTRUIR O QUE AINDA RESTA DE LULA E DILMA



Emílio Odebrecht se aborreceu e mandou o filho falar




























A maior parte das notícias políticas necessita de tradução simultânea. Um bom exemplo é a informação de que o empreiteiro Marcelo Odebrecht acaba de desistir de um pedido para revogar sua prisão, apresentado no início do mês por seu principal advogado, o veterano criminalista Nabor Bulhões.
A petição da defesa de Odebrecht havia sido protocolada na terça-feira passada, dia 5, e o advogado alegava que já não existem os motivos que levaram à prisão, decretada para que as investigações e o andamento dos processos prosseguissem.
O juiz Sérgio Moro recebeu a petição de Nabor Bulhões e pediu que o Ministério Público Federal se manifestasse, mas antes de os procuradores enviarem o parecer, a própria defesa desistiu do pedido e alegou que o motivo dessa nova posição deve ser mantido em sigilo.
Como se sabe, Marcelo Odebrecht já está condenado a 19 anos e quatro meses e ainda responde na primeira instância da Justiça Federal a duas outras ações penais.
CONTRA A DELAÇÃO – O fato concreto é que há dois meses e meio está em negociação o acordo de delação premiada, conforme notícia publicada aqui naTribuna da Internet em absoluta primeira mão e confirmada no dia seguinte pela direção da Odebrecht, em nota oficial distribuída à imprensa.
Detalhe importante: o advogado Nabor Bulhões é contra a delação premiada e não participa dessas negociações, que foram autorizadas pessoalmente pelo patriarca Emílio Odebrecht, pai de Marcelo. O criminalista seguia defendendo normalmente o empreiteiro nas duas ações que restam, mas agora recebeu a ordem expressa para se recolher, porque suas inoportunas petições acabaram dificultando a negociação do acordo com a força-tarefa.
O QUE FALTA – O problema de Marcelo Odebrecht é que, para fechar mais acordos de delação premiada, a força-tarefa precisa receber informações absolutamente inéditas. Não adianta que o novo delator queira apenas confirmar o que outros depoentes já revelaram.
Para aceitar a delação de Marcelo Odebrecht, a Lava Jato impôs várias condições. e xigindo que ele revele tudo o que sabe sobre os seguintes fatos:
1) seu relacionamento com o ex-presidente Lula, incluindo o pagamento por palestras que ele jamais pronunciou;
2) a permanente liberação de recursos para manter o Instituto Lula;
3) a compra do novo prédio para sediar o Instituto Lula na capital paulista;
4) a reforma do sítio de Atibaia;
5) as contas no exterior e o abastecimento do caixa 2 das campanhas para eleger Dilma Rousseff;
6) a armação da presidente Dilma Rousseff ao nomear Navarro Ribeiro Dantas para o Superior Tribunal de Justiça, com a missão de relatar a petição a ser apresentada para libertar os grandes empreiteiros da Lava Jato;
7) o suborno do delegado federal Mário Renato Castanheira Fanton e do agente Dalmey Fernando Werlang, entre outros, para armar uma manobra destinada a anular as provas colhidas pela Lava Jato, com instalação de escuta na cela do doleiro Alberto Youssef e tudo o mais.
Outro detalhe: o delegado Mário Fanton e o agente Damley Werlang já foram denunciados criminalmente à Justiça pelo Ministério Público Federal, mas o depoimento de Marcelo Odebrecht é considerado indispensável para garantir a condenação deles.
FALANDO PELA METADE – Marcelo Odebrecht jamais quis fazer acordo com a força-tarefa. Ao depor na CPI da Câmara, no ano passado, foi enfático ao mostrar desprezo por delatores. Na época, ele julgava que seria facilmente libertado por seus advogados, com base na manobra do delegado Mário Fanton e em outras jogadas em curso, como a nomeação de Navarro Ribeiro Dantas para o STJ, mas deu tudo errado.
Há dois meses e meio, Marcelo Odebrecht enfim aceitou fazer a delação, mas desde então vem tentando embromar a força-tarefa, ao relatar as coisas pela metade. Foi por isso que na semana passada os procuradores pediram o prosseguimento das ações penais contra o empreiteiro, que tinham sido suspensas pelo juiz Sérgio Moro.
Diante disso, o patriarca Emilio Odebrecht perdeu a paciência, pegou o jatinho e foi a Curitiba ter uma conversa franca com o filho, inclusive ameaçando que iria depor, caso Marcelo não o fizesse. Somente assim, debaixo de pressão total, Marcelo Odebrecht resolveu contar tudo o que sabe. Sua primeira decisão foi afastar o criminalista Nabor Bulhões, que continua a representá-lo, mas terá de ficar quieto no seu canto, sem apresentar petições e recursos para tentar a libertação do cliente.
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PS
 – O empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, está na mesma situação. A Lava Jato só aceitará sua delação premiada se ele realmente contar o que sabe. Pinheiro está em prisão domiciliar e também vem sonegando informações. Se bobear, voltará para a carceragem de Curitiba. Quanto ao delegado Mário Fanton, a 32ª fase da Operação Lava Jato, chamada de Caça-Fantasmas, teve como principal alvo justamente o irmão dele, Edson Paulo Fanton, responsável pelo FPB Bank, uma instituição financeira do Panamá que há anos atuava clandestinamente no Brasil, abrindo contas secretas. Como dizia Ibrahim Sued, em sociedade tudo se sabe.(C.N.)


14 de julho de 2016
Carlos Newton

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