Movimentos de esquerda anunciam nesta quinta (14) uma manifestação para o próximo dia 31, um domingo, nos mesmos dia e hora em que grupos favoráveis à saída definitiva da presidente Dilma Rousseff farão ato, já agendado, na Avenida Paulista. A passeata da Frente Povo Sem Medo, composta por MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Intersindical (próxima ao PSOL) e setores da CUT e do movimento negro, entre outros, vai se concentrar no largo da Batata, em Pinheiros, às 14h.
No mesmo horário, ativistas do MBL (Movimento Brasil Livre), do Vem Pra Rua e de outros grupos pró-impeachment estarão na Av. Paulista.
PODEM SE ENCONTRAR… – A Frente Povo Sem Medo cogita caminhar até o centro pela avenida Rebouças e pela rua da Consolação —que passa ao lado da Paulista. O trajeto será informado à Secretaria da Segurança Pública até o fim da semana. Em outras ocasiões, o órgão vetou caminhos que possibilitassem o encontro dos grupos antagônicos, com a justificativa de evitar confusões.
“Ninguém é dono da rua. Nós temos direito de manifestação e vamos exercê-lo. Espero que a polícia nos trate da mesma forma que trata a turma de verde e amarelo na Paulista”, disse Guilherme Boulos, do MTST.
Será a primeira vez que a esquerda levará para as ruas uma manifestação pedindo nova eleição para presidente, segundo os organizadores. Eles consideram essa pauta capaz de agregar diferentes setores insatisfeitos tanto com Dilma como com o presidente interino, Michel Temer.
NUNCA AOS DOMINGOS – Também será a primeira “grande mobilização” da esquerda num domingo, ainda conforme a organização –à exceção de 17 de abril, dia da votação do impeachment na Câmara, quando os dois lados fizeram atos simultâneos.
A nova eleição para presidente – defendida pela frente, mas que encontra resistência em setores fiéis à presidente afastada, como o MST – seria realizada após um plebiscito. Por isso, o mote será “O povo deve decidir”.
“Nós somos ‘Fora, Temer’. Eles [na Paulista] são pelo ‘Fica, Temer'”, disse Boulos.
PAUTAS – Os movimentos de esquerda levarão faixas contra as reformas da Previdência e trabalhista e contra as privatizações – com destaque para a “defesa da Petrobras”.
Do outro lado, o MBL, que trata o impeachment como um fato consumado, vai apresentar na Paulista “reivindicações que devem ser levadas à frente pelo governo Temer”.
São exemplos: a extinção do foro privilegiado na Justiça, a expulsão da Venezuela do Mercosul e a privatização dos Correios e da Petrobras.
A avaliação de parte dos manifestantes da esquerda é que, agora, o ônus de defender um governo impopular passou para o outro lado.
SEM ALINHAMENTO – Kim Kataguiri, do MBL, disse que o grupo não defende Temer, mas também não protestará contra seu governo.
“Nossas manifestações, de nenhuma maneira, foram uma espécie de ‘Vai lá, Temer, tome o poder’. O Temer é uma consequência constitucional [do processo de impeachment].”
“O ato será para pressionar por reforma”, disse Kataguiri.
14 de julho de 2016
Reynaldo Turollo Jr.
Folha
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