O líder do PSD, Rogério Rosso, acaba de anunciar que não se inscreverá para concorrer à Presidência da Câmara. Tido como um dos nomes a ser apresentado pelo “centrão”, Rosso era apontado como alternativa por um grupo ligado ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que ontem deixou a Casa dizendo que Rosso seria o seu candidato. Os dois se aproximaram quando da eleição de Cunha, em fevereiro de 2015. Posteriomente, Cunha fez de Rosso presidente da comissão especial que analisou o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ali, o líder do PSD cresceu perante os colegas, por seu comportamento de magistrado.
Interlocutores ligados ao ministro da Secretaria Geral do Planalto, Geddel Vieira Lima, chegaram a cravar bem mais cedo que Rosso era o nome com o aval do ministro. Geddel, porém, tem dito publicamente que não interferirá na disputa do Legislativo, conforme orientação do presidente em exercício, Michel Temer.
SEM CONSENSO – Rosso, conforme disse à coluna Eixo Capital ontem, só teria chance de fosse um nome de consenso, algo distante na atual conjuntura do Parlamento.
O que se vê hoje desde as primeiras da horas da manhã é uma guerra aberta entre o “centrão”, o grupo de partido afinados com o ex-presidente Eduardo Cunha, e a oposição tradicional – DEM, PSDB, PPS e PSB – que vê na renúncia de Cunha e em todos os gestos do centrão um jogo para salvar o mandato do ex-presidente da Casa.
Diante do impasse, todos os lideres estão se deslocando para Brasília, onde passarão o fim de semana em reuniões para definição de candidatos.
MARANHÃO QUEIMOU CUNHA – Ao demitir o secretário-geral da Mesa, Sílvio Avelino, que havia sido nomeado para o cargo por Eduardo Cunha, o atual presidente, Waldir Maranhão, buscou retomar a condução dos trabalhos e a prerrogativa do presidente da Casa de definir a data da eleição do sucessor para o mandato tampão. O grupo ligado a Eduardo Cunha pretendia escolher o novo presidente da Casa na próxima terça-feira. Nesse caso, a Comissão de Constituição e Justiça estaria praticamente obrigada a cancelar a reunião que definirá o destino do parecer pela cassação de Cunha.
O secretário Sílvio Avelino foi um dos que convocou a reunião de líderes que, na quinta-feira, terminou em impasse. Ali, o “centrão” procurou forçar a eleição para a próxima terça-feira. A oposição tradicional e a Rede de Marina Silva, percebendo ali uma manobra para tentar salvar Cunha, deixaram a sala e passaram a madrugada em conversas com Maranhão. O desfecho desse primeiro round foi a eleição confirmada para quinta-feira e, paralelamente, o anúncio de Rosso de que não será candidato.
OUTROS CANDIDATOS – Os próximos dias serão dedicados à busca de candidatos que possam agregar mais apoios. Há quem diga que o líder do PSD pode estar fazendo uma retirada estratégica agora para emplacar daqui a seis dias. Difícil. Em política, se o espaço é desocupado, logo aparece alguém para tomar o lugar.
Mas nada impede que, saindo agora, Rosso ganhe aí alguns pontos para emplacar seu nome em fevereiro de 2017. Mas essa é outra história.
09 de julho de 2016
Denise Rothenburg
Correio Braziliense
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