"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 18 de junho de 2016

DESVALORIZAÇÃO DO REAL PODE LEVAR O PAÍS DO 7º. PARA O 14º. LUGAR NO RANKING



Charge do Fernando Cabral (Arquivo Google)


















A maxidesvalorização do real frente ao dólar não fica adstrita ao mercado interno. No PIB mundial, medido em dólares, o Brasil manteve, por alguns anos, o 7º lugar. Pela ordem, a projeção mundial dos Produtos Internos Brutos em trilhões de dólares: em primeiro lugar, os EUA com 18,12; segundo, China, 11,21; terceiro, Japão, 4,21; quarto, Alemanha, 3,41; quinto, Reino Unido, 2,85; e sexto, França, 2,47. Em outubro de 2015, o Fundo Monetário Internacional, ao projetar o cenário global, deslocou a economia brasileira para o 9º lugar, com o PIB que era de U$ 2,35 trilhões sendo rebaixado para US$ 1,80 trilhão. A Índia passou a ser a sétima, com US$ 2,18 trilhões e a oitava, a Itália, com US$ 1,82.
Para efeito didático e comparativo: o Brasil, em dólares, perdeu o equivalente ao PIB da Suécia que é de US$ 520 bilhões, ou da Argentina que é de US$ 474 bilhões. Analisando o impacto desse rebaixamento brasileiro, constata-se que o cenário projetado é ainda mais grave. Para o PIB de US$ 1,80 trilhão, o FMI utilizou a cotação do dólar a 3,20 reais. A conta é fácil: o PIB do Brasil, em 2015, é de 5,74 trilhões de reais. Dividindo esse montante pelo valor da cotação do dólar em 3,20, alcançaríamos o total de US$ 1.793 trilhão, arredondado para US$ 1,80 trilhão, por aquele organismo.
DEPENDE DO DÓLAR – A moeda norte-americana já chegou a ultrapassar o valor de 4 reais, determinando um rebaixamento ainda mais doloroso do Brasil, no “ranking” das principais economias mundiais. Vamos traduzir exemplificando: 1) Com o dólar valendo R$ 3,50, a redução do PIB brasileiro na economia global seria para US$ 1,64 trilhão; 2) Com ele cotado, a R$ 3,60, a queda seria para US$ 1,59 trilhão; 3) cotado a R$ 3,80, seria para US$ 1,51 trilhão; 4) com o dólar a R$ 3,90, atingiria US$ 1,47 trilhão; 5) com o dólar valendo R$ 4,00, o nosso PIB seria de US$ 1,43 trilhão.
Se ele chegar a R$ 4,50, o rebaixamento levaria ao valor de US$ 1,27 trilhão, sendo atropelado por vários países na medição da economia mundial no “ranking” dolarizado. Não significa que isso vai ocorrer, mas para não acontecer é essencial conter a valorização do dólar.
Ante os números expostos, fica demonstrado que o rebaixamento do Brasil, entre as principais economias globais, é maior do que o divulgado pelo FMI. O “ranking” do Fundo na amostragem do PIB em dólar, em diferentes países demonstra: a) no Canadá é de US$ 1,78 trilhão; b) na Austrália, US$ 1,44 trilhão; c) na Coréia do Sul, US$ 1,41 trilhão; d) Na Espanha, US$ 1,40 trilhão. Na América Latina, o do México seria de US$ 1,28 trilhão.
CULPA DO GOVERNO – O desastre econômico perfeito foi gerado pelo próprio governo brasileiro, não por má fé, mas fruto da incompetência populista. Não foi reflexo da economia global como insiste em falar Dilma Rousseff. Nos EUA, a economia vem crescendo com consistência, o mesmo ocorrendo na Comunidade Européia. Na América Latina, Colômbia, Chile, Peru e México apresentam taxas de avanço nas suas economias. Já o Brasil fica ao lado da Venezuela e Argentina, onde a economia está travada.
O professor de finanças públicas Alexandre Cabral, baseado em relatórios do Banco Central, constata: “Para a economia brasileira voltar aos U$ 2 trilhões vai ser muito difícil”.
LULA SE JACTAVA – Há quatro anos, o então ministro Guido Mantega, vaticinava: “O FMI prevê que o Brasil será a quinta economia em 2015, mas acredito que isso ocorrerá antes.” Em 2010, ao final do seu governo, Lula da Silva afirmava: “Se depender de Dona Dilma e de Dom Guido, vamos ser a quinta economia do mundo em 2016, vamos conquistar essa medalha de ouro”. Retrata a fanfarronice e incompetência de um tempo brasileiro onde o imaginário era programa de governo.
Por fim, o embaixador Pedro Luiz Rodrigues, diplomata de carreira, egresso de um tempo onde o Itamaraty fazia política de Estado, em artigo expõe preocupação de a realidade da maxidesvalorização do real levar o Brasil à possibilidade de ocupar, no ranqueamento do PIB mundial em dólares, o 14º lugar.
Helio Duque é doutor em Ciências, área econômica, pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Foi Deputado Federal (1978-1991). É autor de vários livros sobre a economia brasileira.

18 de junho de 2016
Hélio Duque

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