Múltiplas interpretações merece o substantivo “golpe”, desde tanques desfilando pela rua até corretores vendendo imóveis na areia de Copacabana. Mas longe de ser golpe é assistir deputados e senadores votando em seus plenários, conforme a Constituição.
A presidente Dilma bem que poderia ter suspendido sua viagem a Nova York, ou, pelo menos, tomado a decisão de não denunciar, naquela capital, a iminência de um golpe no Brasil. No caso, seu afastamento da chefia do governo é por haver infringido a lei. Deveria estar lutando por aqui.
Nenhum jurista americano, muito menos um jogador de baseball, ousaria censurar o seu Congresso por depor um presidente que contrariasse a lei. Muito menos concordariam se o personagem desembarcasse em Brasília denunciando a falência do regime vigente lá em cima.
Madame parece a última pessoa a dispor da prerrogativa de dizer-se golpeada. Primeiro, porque viaja na plenitude de seus poderes. Em vez de queixas e reclamações, deveria estar buscando soluções jurídicas e políticas para escapar da degola. Depois, porque a previsão de seu impeachment deve-se exclusivamente a ela. Tivesse dedicado a necessária atenção ao Congresso e não enfrentaria a rejeição de deputados e senadores.
AO LONGO DA HISTÓRIA
Golpes, temos assistido muitos, ao longo de nossa História. Mas a deposição de Dilma parece ímpar. Positivamente, não cometeu crime algum. Não enriqueceu, como muitos de seus ministros. Apenas descuidou-se de governar conforme as exigências da população. Perdeu a confiança, se é que algum dia dela dispôs. Agora, vai ao estrangeiro fazer-se de vítima.
Com poucos dias de mandato pela frente, deveria estar lutando por ele. O diabo é serem tantas as evidências e denúncias de corrupção em seu governo que ninguém acredita que ela ignorasse o conjunto da obra.
22 de abril de 2016
Carlos Chagas
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