A presidente Dilma Rousseff não mencionou um “golpe de Estado” em seu discurso de oito minutos na ONU por ter ficado “inibida” com a presença de dois deputados da oposição. É o que diz José Carlos Aleluia (DEM-BA), que viajou com o colega Luiz Lauro Filho (PSB-SP), ambos de classe executiva e com diárias entre US$ 300 e US$ 400 custeadas pela Câmara, para Nova York.
Eles vieram com a missão de “observar” a visita presidencial à cidade, para uma conferência sobre mudança climática com vários chefes de Estado realizada na manhã de sexta (22).
Para Aleluia, não há “comentário a fazer” sobre a participação de Dilma no evento, “que apresentou um discurso de chefe de Estado”. “Digamos que o bom senso prevaleceu.”
“A fala do decano da Corte e nossa presença aqui seguramente tiveram influência na posição sensata da presidente de não atacar as instituições brasileiras”, disse, lembrando da opinião do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, de que o impeachment não seria um golpe.
GASTOS DA CÂMARA
Os gastos da Câmara “foram perfeitamente justificáveis”, afirmou Aleluia, afirmou Aleluia, que atribui ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a ideia da viagem.
Na semana passada, a Casa havia justificado que, por economia, não pagaria passagens para o lobista Fernando Baiano depor no Conselho de Ética, na terça (26). Ele foi convocado para esclarecer denúncias contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no processo que pede sua cassação.
Mais cedo, os parlamentares encontraram manifestantes contrários ao governo nos arredores da ONU, entre eles Kim Kataguiri (colunista da Folha) e Renan Santos, líderes do Movimento Brasil Livre.
Bateram palmas junto com o grupo, que cantava “chora petista/ bolivariano/ a roubalheira do PT tá acabando”.
ACOMPANHANDO TUDO
Os parlamentares pretendem acompanhar, do lado de fora da casa do representante do Brasil na ONU, Antonio Patriota, uma entrevista prevista entre Dilma e a imprensa brasileira. Turmas anti e pró-governo também combinaram de marcar presença no local, onde a presidente está hospedada.
A volta para o Brasil será no domingo (24), de passagem executiva para Aleluia, que repudiou a ideia de comprar um assento na ala econômica (“ninguém aguenta”). “Não sou mais menino. Este menino podia”, diz e aponta para Luiz Lauro.
O deputado mais moço afirma que não conseguiu encontrar tíquete disponível para a poltrona e executiva e terá de regressar de econômica. “Vou feliz!”
22 de abril de 2016
Anna Virginia Balloussier
Folha
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