Abertamente falavam em golpe para impedir a posse de Juscelino. Sem esquecermos que Jango teve mais votos que Juscelino, naquele momento os vices eram eleitos. O pingo d’água que fez transbordar os acontecimentos foi verdadeiramente o enterro do general Canrobert Pereira da Costa, em que compareceram diversas autoridades e militares inclusive o general Lott, ministro da Guerra.
O coronel Jurandir Bizarria Mamede, a beira do túmulo, faz um discurso em que fala em impedir os eleitos de assumir o governo. Lott sai e tenta punir Mamede por indisciplina. Acontece que Mamede estava adido à Escola Superior de Guerra e ele não podia puni-lo. Lott então pede audiência ao então presidente Carlos Luz, que segundo o folclore político teria deixado o ministro esperando por mais de meia hora. Lott pede a punição de Mamede e Carlos Luz não concorda. O general então pede demissão, aceita na hora.
A VILA MILITAR DESCEU…
O general Fiuza de Castro queria que o comando do Ministério da Guerra lhe fosse passado de imediato. Lott disse que tinha uns papeis a organizar e passava o comando às 10h do dia seguinte(12/11/1955). Tem uma versão absurda dizendo que Lott foi induzido a dar o golpe pelo general Odílio Diniz. Dificilmente isso aconteceria. Lott era um disciplinador e seria incapaz de ir a reboque de alguém. Nas últimas horas da madrugada, a Vila Militar desce com os tanques e cerca tudo. Da Praça Mauá ao Aeroporto Santos Dumont. Nem os navios de guerra podiam sair da baia de Guanabara e nem os aviões podiam levantar voo do Santos Dumont.
Muitos políticos a favor do golpe entraram no cruzador Tamandaré, que estava em reparos, atracado no cais norte da Ilha das Cobras. Lacerda, Mamede, Carlos Luz e outros. Silvio Heck era o almirante comandante do Tamandaré, o almirante Pena Boto comandava a Esquadra. Os dois de um radicalismo extremado. Pena Boto forçou a barra e o Tamandaré zarpou, depois de levar uns tiros das bases do Exercito na saída da Baía da Guanabara. Foram para São Paulo.
Os aviões proibidos de levantar voo, mesmo assim o brigadeiro Eduardo Gomes fura o bloqueio e decola para São Paulo. Acontece que as Forças Armadas já tinham recebido ordens do general Henrique Batista Duffes Teixeira Lott em todo o Brasil, tal o seu prestígio e liderança.
A base de Cumbica em São Paulo não deu guarida ao brigadeiro Eduardo Gomes. E a base da Marinha em Santos ameaçou o Tamandaré dizendo que todos seriam presos se desembarcassem. Ventilou-e a possibilidade do Tamandaré seguir para Bahia e de lá Carlos Luz governar o Brasil. Isso não foi registrado pela história.
Eu servia no Cruzador Barroso. Quem estava de oficial de dia era o tenente Brígido. O Barroso preparou-se para forçar a barra à meia-noite do dia 12. Mas antes disso Carlos Luz resolveu voltar e entregar-se ao Exército. Ainda tem coisas e mais coisas que aconteceram.
11 de novembro de 2015
Antonio Santos Aquino
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