Tudo leva a crer que Lula está prestes a assumir o controle total do governo, agora forçando Dilma Rousseff a demitir o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e substituindo-o por alguém de confiança do ex-presidente e disposto a adotar uma “nova política econômica” destinada a “acelerar a retomada do crescimento econômico”. Segundo se informa, Lula e os ministros do núcleo político do Planalto – políticos alinhados com o ex-presidente, que os colocou onde estão exatamente para isso – intensificaram na última semana a pressão sobre a presidente da República para que substitua urgentemente Levy, de preferência pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.
Considerando que a crise econômica e a debacle moral e o consequente impasse político paralisaram o governo e provocaram o rebaixamento da popularidade de Dilma a índices sem precedentes, faz sentido que Lula tenha pressa em preencher o vazio deixado por sua pupila no comando da ação governamental, tarefa que já executou com êxito no que se refere à área política, ao “nomear” Jaques Wagner e Ricardo Berzoini para o comando da Casa Civil e da Secretaria de Governo.
Falta agora o chefão do PT colocar alguém de sua confiança à frente do Ministério da Fazenda, para executar a “nova política” que, na verdade, nada tem de nova, pois se trata apenas da reedição da gastança na forma da liberação de crédito para a aquisição de bens de consumo. É óbvio que não se pode pensar em crescimento econômico sustentável sem investimentos em infraestrutura, nos chamados bens sociais como educação, saúde, saneamento, segurança, transportes, etc. Mais uma vez, porém, não é hora de pensar em projetos que só dão retorno a longo prazo.
Resta saber se Henrique Meirelles estará disposto a assumir os enormes riscos da “política econômica” com a qual Lula sonha como último recurso para salvar sua pretensão de chegar de novo à Presidência da República em 2018. E se, para fazê-lo, tolerará o convívio com a presidente que o detesta.
A economia brasileira foi jogada num buraco cada vez mais profundo pelo delírio populista do PT, associado ao dogmatismo ideológico e à incompetência de Dilma. Beneficiado por uma conjuntura favorável, que encheu os cofres públicos com impostos, o governo se permitiu gastar sem fazer contas, subsidiar programas com inaudita generosidade, fornecer crédito abundante e fácil para consumo e fazer uma impensada desoneração fiscal.
Quando começou a “sair mais dinheiro do que entrava” – como admitiu dias atrás o próprio Lula –, a crise econômica se apresentou aos brasileiros como o resultado inescapável da insustentabilidade do delírio consumista no qual o lulopetismo tentou – e, pelo jeito, vai insistir nisso – ancorar seu projeto de poder.
Dilma e o próprio Lula estavam convencidos, na transição do primeiro para o segundo mandato da presidente, de que a situação econômica era grave e exigia, prioritária e urgentemente, que as arrombadas contas do governo fossem colocadas em ordem. Era a necessidade do ajuste fiscal que entrava em cena. E Lula indicou para o ministério da Fazenda um executivo de perfil liberal, ninguém menos que o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco. Trabuco não foi liberado para o cargo pelo conselho do banco e Dilma ficou com Joaquim Levy.
Mas a discussão das medidas necessárias ao ajuste fiscal, especialmente aquelas que contrariam os interesses dos assalariados, assustou as correntes esquerdistas do Parlamento, as bases sindicais do PT e as organizações filopetistas. O ajuste fiscal passou a ser apontado como uma ameaça às conquistas sociais. E não demorou para que Lula, sempre atento aos reflexos eleitorais dos acontecimentos, passasse a sabotar o demonizado ajuste e fazer eco às reivindicações de uma “nova política econômica” – como se o governo tivesse alguma.
Mais do que depressa, Lula quer reviver o consumismo inconsequente que o transformou num grande líder popular. Com que dinheiro se produzirá esse milagre? Bem, o interesse eleitoral de Lula é mais importante do que detalhes como esse. Afinal, como creem os petistas, o governo tudo pode, basta querer.
11 de novembro de 2015
Estadão
Considerando que a crise econômica e a debacle moral e o consequente impasse político paralisaram o governo e provocaram o rebaixamento da popularidade de Dilma a índices sem precedentes, faz sentido que Lula tenha pressa em preencher o vazio deixado por sua pupila no comando da ação governamental, tarefa que já executou com êxito no que se refere à área política, ao “nomear” Jaques Wagner e Ricardo Berzoini para o comando da Casa Civil e da Secretaria de Governo.
Falta agora o chefão do PT colocar alguém de sua confiança à frente do Ministério da Fazenda, para executar a “nova política” que, na verdade, nada tem de nova, pois se trata apenas da reedição da gastança na forma da liberação de crédito para a aquisição de bens de consumo. É óbvio que não se pode pensar em crescimento econômico sustentável sem investimentos em infraestrutura, nos chamados bens sociais como educação, saúde, saneamento, segurança, transportes, etc. Mais uma vez, porém, não é hora de pensar em projetos que só dão retorno a longo prazo.
Resta saber se Henrique Meirelles estará disposto a assumir os enormes riscos da “política econômica” com a qual Lula sonha como último recurso para salvar sua pretensão de chegar de novo à Presidência da República em 2018. E se, para fazê-lo, tolerará o convívio com a presidente que o detesta.
A economia brasileira foi jogada num buraco cada vez mais profundo pelo delírio populista do PT, associado ao dogmatismo ideológico e à incompetência de Dilma. Beneficiado por uma conjuntura favorável, que encheu os cofres públicos com impostos, o governo se permitiu gastar sem fazer contas, subsidiar programas com inaudita generosidade, fornecer crédito abundante e fácil para consumo e fazer uma impensada desoneração fiscal.
Quando começou a “sair mais dinheiro do que entrava” – como admitiu dias atrás o próprio Lula –, a crise econômica se apresentou aos brasileiros como o resultado inescapável da insustentabilidade do delírio consumista no qual o lulopetismo tentou – e, pelo jeito, vai insistir nisso – ancorar seu projeto de poder.
Dilma e o próprio Lula estavam convencidos, na transição do primeiro para o segundo mandato da presidente, de que a situação econômica era grave e exigia, prioritária e urgentemente, que as arrombadas contas do governo fossem colocadas em ordem. Era a necessidade do ajuste fiscal que entrava em cena. E Lula indicou para o ministério da Fazenda um executivo de perfil liberal, ninguém menos que o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco. Trabuco não foi liberado para o cargo pelo conselho do banco e Dilma ficou com Joaquim Levy.
Mas a discussão das medidas necessárias ao ajuste fiscal, especialmente aquelas que contrariam os interesses dos assalariados, assustou as correntes esquerdistas do Parlamento, as bases sindicais do PT e as organizações filopetistas. O ajuste fiscal passou a ser apontado como uma ameaça às conquistas sociais. E não demorou para que Lula, sempre atento aos reflexos eleitorais dos acontecimentos, passasse a sabotar o demonizado ajuste e fazer eco às reivindicações de uma “nova política econômica” – como se o governo tivesse alguma.
Mais do que depressa, Lula quer reviver o consumismo inconsequente que o transformou num grande líder popular. Com que dinheiro se produzirá esse milagre? Bem, o interesse eleitoral de Lula é mais importante do que detalhes como esse. Afinal, como creem os petistas, o governo tudo pode, basta querer.
11 de novembro de 2015
Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário