O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirmou nesta sexta-feira (18) que o PT tinha um “plano perfeito” para se perpetuar no poder, mas foi atrapalhado pela Operação Lava Jato. Gilmar disse que o dinheiro desviado da Petrobras tinha como destino campanhas eleitorais e, combinado com o final do financiamento privado de campanha – bandeira antiga do partido –, faria com que o PT fosse a sigla com mais recursos em caixa.
“O plano era perfeito, mas faltou combinar com os russos”, afirmou. ” Eles têm dinheiro para disputar eleições até 2038.”
O magistrado participou de seminário na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), em São Paulo, onde discutiu o impacto de mudanças na legislação tributária para o setor, ao lado do presidente da entidade, Paulo Skaf (PMDB), ligado ao vice-presidente Michel Temer.
ARGUMENTO DO VOTO
O ministro usou o mesmo argumento em seu voto, na quarta (16), contra o fim do financiamento privado de campanha. “O partido consegue captar recursos na faixa dos bilhões de reais por contratos com a Petrobras e passa a ser o defensor do fim do financiamento privado de campanha. Eu fico emocionado, me toca o coração”, ironizou, na ocasião.
Gilmar acabou derrotado, já que o STF aprovou o fim do instrumento por 8 votos a 3, na votação que terminou quinta (17).
Para Gilmar, o esquema revelado pela Lava Jato mostrou que a Petrobras seguia “um modelo de governança corrupta”, uma “cleptocracia”. Ele voltou a criticar a ação que definiu o final do financiamento privado, iniciada pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
SERVIA A INTERESSES
O processo, segundo o ministro, “não foi feliz do ponto de vista republicano”, porque servia a interesses diretos do PT. Ele também voltou a criticar a OAB, que chamou de “órgão sindical de advogados”. Para Gilmar, a entidade perdeu relevância nas últimas décadas.
Na sessão de quarta (16) do STF, o ministro afirmou que o PT conseguiu manobrar a OAB. Ao final do julgamento, ele chegou a se desentender com o presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, que concedeu a palavra a um representante da OAB para rebater o voto do ministro, e acabou abandonando o plenário, antes de o advogado se manifestar.
18 de setembro de 2015
Deu na Folha
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