"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

AS BATALHAS QUE ESTÃO POR VIR

Estamos numa enrascada com as idas e vindas da equipe econômica, na busca de um ajuste fiscal que reorganize as finanças do país e permita retomar o caminho do crescimento.

Igualmente importante será continuar a ampliar as oportunidades de melhoria da qualidade de vida para o enorme contingente da população que necessita urgentemente de mais dignidade, traduzida na moradia, no saneamento básico, na mobilidade urbana, na educação de qualidade em todos os níveis e na saúde.

O governo parece encurralado, intimidado e desnorteado, sem saber qual rumo tomar.

É preciso ter clareza da relevância do ajuste fiscal para corrigir erros do próprio governo nos últimos anos. Ele não pode ser feito apenas com aumento dos impostos e corte de gastos, e sem qualquer análise criteriosa dos riscos que poderão advir das medidas tomadas.

Na última semana foi divulgado que, nas seis maiores regiões metropolitanas do país, o número de trabalhadores que buscam, sem sucesso, um novo posto de trabalho, cresceu cerca de 50% em relação ao mesmo mês do ano passado.

Coincidentemente, um relatório do Ministério da Fazenda, publicado há poucos dias, mostrou que o impacto de alguns cursos de curta duração oferecidos pelo PRONATEC, aqueles de 120 horas, ou menos, e tão alardeados na campanha eleitoral, pouco estão contribuindo para diminuir o desemprego.

As longas batalhas que teremos que travar visam a solucionar os graves problemas estruturantes da economia. Destaca-se a educação, com índices baixíssimos de desempenho e, em particular, a formação de quadros técnicos para atender às necessidades do setor produtivo.

Também é importante realizar um grande esforço para manter os programas estratégicos geradores de emprego e renda, que incrementem a competitividade das empresas e a sua maior inserção no fluxo de comércio internacional. Isto exige melhor infrarestrutura e uma boa logística. Além disso, não podemos ignorar as dívidas que empresas brasileiras assumiram em dólares, e que podem se tornar impagáveis.

Estamos na situação do "se correr o bicho pega e se ficar o bicho come”. Preocupa a inação do governo e uma fantástica capacidade de achar que estamos assim por culpa dos outros.

É urgente que ele defina um ajuste articulado com alguns fatos relevantes para o nosso crescimento sustentável: a força da agricultura, a nossa crescente produção de petróleo, as nossas espantosas reservas minerais, alguns estratégicos, e a necessidade urgente de estimular o setor de comércio e serviços, que poderá crescer muito, atendendo aos nossos mais de 200 milhões de habitantes e aos mercados externos emergentes, inclusive da América Latina.

O governo precisa entender que a indústria é a base do crescimento de qualquer nação.

Nesta direção, uma boa notícia surgiu do Ministro do Trabalho e Emprego, que anunciou um investimento de 84 bilhões para a construção de moradias, com recursos do FGTS. Se cumprida, ela será de grande importância, porque vai gerar emprego e renda num dos setores mais importantes da nossa economia, o da construção civil.

A América Latina vive a efervescência do progresso, visível no Chile, Colômbia ou Peru, mas só temos olhos para a Venezuela. Participamos do BRICS e não conseguimos sequer entender o exemplo da China e da Índia. É preciso mudar as estratégias para que investidores tenham mais confiança no país.

Pode parecer estranho, mas creio que cai bem agora, com outro sentido, uma frase criada por um respeitável ex-membro do partido do governo: “mudar, para continuar mudando”.



29 de setembro de 2015
Paulo Alcantara Gomes

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