Dizem que a política é assim… Mas não é a política preconizada por Platão, o filósofo que pensou a cidade utopicamente perfeita. Nessa cidade platônica, os políticos trabalhariam para o engrandecimento da vida na cidade, mas nossos políticos trabalham para seus financiadores de campanha, tanto que não abrem mão desse financiamento. O Senado vetou e a Câmara restabeleceu o financiamento. Aliás, Senado e Câmara não estão falando a mesma linguagem. O confronto existe entre as duas Casas Legislativas.
Joaquim Levy não precisa ser desestabilizado, sua política econômica neoliberal, conforme preceituam os “gênios” da Escola de Chicago, cria automaticamente a desestabilização da economia, quando reduz o consumo das famílias e aumenta os juros, elevando a dívida interna, e em consequência gera o desemprego. Para quê? Para nada. Esse é o ajuste fiscal, que onera os trabalhadores, que vivem da renda do seu esforço, enquanto preserva os lucros dos bancos. Não pode dar certo.
Por que então, o ministro continua no cargo? Porque o sistema de poder assim o exige. Política é assim, manda quem pode e obedece quem tem juízo.
CONSERTAR OS ERROS
O ministro Levy foi chamado para executar uma missão, a de consertar os erros cometidos pelo ex-ministro Guido Mantega, que incentivou o consumo e abriu os cofres do governo para financiar os campeões nacionais, mas o maior desses grupos “campeões” faliu e agora se encontra na segunda divisão.
Com bons ventos externos,, a política intervencionista do Estado na Economia deu certo nos oito anos do governo LULA, tanto é que conseguimos suportar nesse período a tsunami global que afetou EUA e Europa a partir de 2008, chamado de “bolha imobiliária”. O Tesouro Nacional alavancou as empresas através dos empréstimos com juros baixíssimos e la nave va. Tudo ia muito bem, até que o cenário mudou. A China desacelerou brutalmente e deixou de comprar como antes, as commodities brasileiras. A balança comercial desabou a partir de 2010 e hoje está no alambrado, nas cordas.
O capitalismo não convive bem com retração, com ajustes que impedem a livre circulação de mercadorias, o toma lá dá cá das compras e vendas. Se há desemprego, alguém deixará de comprar pão, o padeiro fecha a padaria e desemprega os seus empregados e quem produz a farinha vai vender para quem? E o transportador da farinha, o caminhoneiro, o vendedor de diesel etc…, como ficam?
A política é assim e o capitalismo também.
Como o tempo é capaz de desmistificar uma figura pública, um líder popular. O ex-metalúrgico Lula é hoje um retrato amassado e desfigurado na parede. Sua expressão é de angústia e perplexidade com os fatos que afetam sua popularidade e seu carisma.
A imagem do boneco pixuleco nas manifestações deve estar arranhando seu ego antes inflado a última potência. O pior para o ex-presidente, talvez seja a certeza de que o tempo, o nosso maior inimigo, impossibilite sua volta para recuperar o tempo perdido. Os tempos são outros e o cenário está completamente devastado pela crise política e econômica. Lembram-se da volta de Getúlio Vargas. Sem o arcabouço militar e da estrutura ditatorial iniciada em 1930 e terminada em 1945, não conseguiu governar sob os ditames da democracia representativa. Foi levado para a trágica renúncia pelos opositores civis e militares.
Lula capitulou em nome da permanência de seu partido no PODER. Foi mais importante o projeto de poder do que o projeto da nação. Parou sua promessa de inclusão social no Bolsa Família e na alavancagem do consumo. Fora dessas ações, orientou sua política de governo nas teses do neoliberalismo imitando seu maior inimigo, o governo FHC. FHC e LULA, difícil encontrar divergências lancinantes entre os dois ex-amigos de palanque.
Completa-se uma sina de ex-presidentes operários, iniciada pelo polonês operário do Porto de Gdansk, amigo do Papa Paulo II. As elites não perdoam aqueles que interferem em seus planos. Cooptou LULA e agora se vingam pela sua impertinência de ter empalmado a presidência do país, por longos oito anos. O sistema de poder não dará trégua ao ex-presidente, enquanto não vê-lo sangrar completamente, até que seja inviabilizada sua volta ao Palácio do Planalto, o que a essas alturas parece improvável de que venha a ocorrer.
Mas, de tudo fica uma lição: Um dia, tudo é esclarecido, até os segredos mais bem guardados. A ferida está exposta e o sistema foi aberto com todas as suas nuances fétidas. A carceragem de Curitiba é o retrato do que os poderosos fizeram com o país. Lapidar, lapidar e lapidar nossas esperanças e os recursos da nação para levá-los além mar. Agora, teremos que pagar mais impostos para colocar as contas em ordem. É justo isso?
27 de setembro de 2015
Roberto Nascimento
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