"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

CRIANÇAS MALVADINHAS

Desmoralizada, acuada pela Justiça, desprezada e achincalhada abertamente por noventa e um por cento da população brasileira, a quadrilha comunolarápia decidiu reagir mediante uma onda de bravatas e ameaças, fazendo o que pode para macaquear com trejeitos histéricos a virilidade e a coragem, duas coisas que seus líderes só conhecem por ouvir falar.

Essas gesticulações circenses não assustam a ninguém, mas, se às vezes nos fazem rir, outras vezes deprimem e podem levar às lágrimas o cidadão que, contemplando tanta miséria e deformidade, se lembre de que elas são, afinal de contas, o rosto do Estado brasileiro, o rosto da nação.

A mim elas fazem lembrar antes aquele vídeo do Youtube, em que um boxeador nocauteado, estendido no chão como um trapo, continuava a esmurrar o ar, como se a luta tivesse um round suplementar no mundo dos sonhos.

Um dos lances mais comoventes da guerrinha dos fracassados contra o destino foi protagonizado pelo deputado Paulo Pimenta, ao pedir a prisão do jovem brasileiro que xingou a Sra. Dilma Rousseff na Califórnia.

Xingar um governante em público é, em circunstâncias normais, um crime. Mas, quando o país inteiro está fazendo isso nas ruas, nas praças, nos estádios e nos panelaços, punir seletivamente um cidadão isolado é como tentar desviar um furacão à força de puns.
No meu modesto entender, o rapaz da Califórnia só errou num ponto. Xingar a presidente de “terrorista”é inócuo, pois isso ela já sabe que é. Eu, em vez disso, a teria xingado de “mocréia”, pois há sempre um risco de que, malgrado a impopularidade avassaladora, ela continue se achando linda.

Não menos patética foi a indefectível Sra. Maria do Rosário, ao dar queixa contra um indivíduo anônimo e não identificável que, cruzando com ela no meio da massa, teria previsto a sua morte em data incerta e não sabida, por causas não mencionadas. À polícia ela não deu a mais mínima pista que pudesse levar à descoberta do ofensor sem rosto, conhecido unicamente pelo nome de “Alguém”.

Sem a menor esperança de novas averiguações, ficou, pois, registrada apenas a identidade da vítima, mas isso é pura redundância, pois quem não sabe que a sra. Maria do Rosário é uma vítima?

Depois foi a vez do Sr. Jacques Wagner que, tentando ser ministro da Defesa, mas não tendo ninguém a defender contra o que quer que seja, escolheu a apresentadora Maju Coutinho como alvo de ataques fictícios, fabricados inteiramente por MAVs a serviço do governo, e saiu bravamente em campo para defender a moça contra seus inimigos imaginários.

Não foi essa, admito, a mais notável performance carnavalesca do sr. Wagner, que jamais superará o seu feito de 2007, pioneiramente registrado por mim em http://www.olavodecarvalho.org/semana/070312Bdc.html, quando, governador da Bahia, ele patrocinou um tremendo beijo lésbico em público entre sua esposa e a do então ministro da Cultura, Gilberto Gil.

Essa é a razão pela qual, quando me dizem que o Sr. Wagner não somente existe mas é ministro da Defesa, sinto-me à beira de ter um ataque de nervos como o do dr. Paulo Ghiraldelli e sair gritando: “É mentira! É mentira! É mentira! É mentira! É mentira! É mentira! É mentira! É mentira! É mentira!”

Também me pergunto se os altos oficiais das Forças Armadas não temem que, se o homem teve a cara de pau de fazer o que fez com a mulher de um ministro, ele venha a sentir-se ainda mais à vontade para fazê-lo -- agora que ele próprio é ministro -- com as mulheres de seus subordinados, isto é, as mulheres deles.

Qualquer que seja o caso, a atividade dos MAVs nos últimos dias não se limitou a criar racistas eletrônicos. Mais ou menos uma semana atrás recebi esta mensagem de um amigo que, por motivos óbvios, prefere permanecer anônimo:

“Professor Olavo, estou com uma informação de inteligência de que atacarão e derrubarão a sua página pessoal em breve, está sabendo? 

Depois do bloqueio de três dias virá o bloqueio de sete e depois o de trinta. Vão denunciar todas suas postagens em massa e qualquer uma será interpretada como fora dos padrões. 
 Outra coisa que eles farão é pegar o seu mail vinculado à sua conta e colocá-lo como administrador de diversas paginas falsas. (Sim, é possível fazer isso.) Nestas páginas vão colocar pornografia e o administrador (no caso, você) se punido e banido do Facebook.”
O aviso do bloqueio de três dias cumpriu-se no prazo.

É isso o que dá ter duzentos mil seguidores no Facebook e não dizer a eles uma só palavrinha em louvor do governo. Também não é de espantar que, como toda censura, a do Fabebook oculte a sua própria existência: como minha esposa divulgasse na sua página a suspensão da minha, a dela também foi suspensa.

Vamos falar o português claro. Uma censura direta, feita oficialmente por funcionários do governo, é muito mais decente do que contratar moleques para derrubar páginas do Facebook. 
Quando um governo acossado por investigações de corrupção apela a um expediente tão pueril para tapar a boca dos denunciantes, é inevitável concluir que ele todo se compõe de crianças malvadinhas.

08 de julho de 2015
Olavo de Carvalho

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