"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

PARANA (DA)




Revoluciona-se o modelo de combate incessante à corrupção a partir do extraordinário trabalho sob a batuta do Juiz Sérgio Moro e seus mais candentes reflexos na órbita do poder econômico, ao mesmo tempo sinaliza-se um perfil do governo do Paraná que não aceita as reivindicações dos professores, e aprova na assembléia legislativa projeto de lei que vai de encontro com os interesses da classe.

Depois da decisão apertada do STF, determinando a soltura dos empresários e o regime domiciliar, com o acompanhamento e monitoramento por meio da tornozeleira, muitos questionamentos surgiram e continuam a pulsar na imagem da sociedade refém da corrupção com a péssima qualidade do serviço público.

Há poucos dias atrás, um segundo brasileiro foi assassinado na Indonésia, motivo da acusação tráfego de drogas, ao passo que a corrupção é muito mais perniciosa e dramática pois ela tem o poder de retirar a vida de um número indeterminado de pessoas, carentes dos serviços básicos e essenciais.

A grande dúvida que temos e a maioria se pergunta é se os trabalhos realizados no desenvolvido estado do Paraná terão algum resultado prático ou serão PARANADA. 
Eis que se não ficarem escancaradas as respostas de um novo e futuro amanhã pouco se aproveitará na reforma da lei de licitações e no comportamento omisso das entidades reguladoras e fiscalizadoras.

Supostamente algo já está em curso, isto é, a forma como a delação premiada apresentou sua robustez e reduziu a investigação probatória com a segurança do princípio da verdade real. Prender, não prender, soltar, relaxar o flagrante,decretar a preventiva,prorrogar a provisória são meros detalhes que circundam todo o processo penal.

Porém, o mais importante se relaciona à conscientização dos governantes, da classe política e de empresários de peso acerca dos malefícios da corrupção e do quadro negro que assola o crescimento, com a paralisação das obras e o inevitável desemprego, talvez a maior chaga social a ser enfrentada.

Pátria educadora não se conjuga com violência ou desrespeito aos professores, já humilhados pela carga de trabalho e aviltante remuneração. O controle das contas públicas, por meio da responsabilidade fiscal não se edifica com arrochos e pancadarias, mas sim por meio do diálogo e concessões mútuas.

Assim, o governo federal como incentivador do plano de educação deveria chamar para si a responsabilidade da negociação e bancar algo que reconstruísse o perfil da classe docente, indecentemente tratada por muitas autoridades.

Não é a toa que muitos estados e vários municípios tem o movimento de greve dos professores e com isso os alunos se sentem prejudicados sem justa causa.

O que se procurou revelar por meio desse simples escrito é a combinação perversa da corrupção e seus modelos de repercussão no serviço público. Houvesse uma escala reduzida dessa maldita corrupção, com segurança mais dinheiro teríamos para investimentos e pagamentos dos professores.

Em suma, o estado é forte e tem uma tradição a qual aplaudimos, não podemos jamais desperdiçar um bom e um mal exemplo para que ambos sirvam de ingredientes à reflexão do estado moderno brasileiro.

Contudo, se os gritos que se alardeiam pelo País soçobrarem veremos que tudo mesmo foi PARANADA.

01 de maio de 2015
Carlos Henrique Abrão, Doutor em Direito pela USP 

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