"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

TUCANOS CONTINUAM ENXUGANDO GELO E ENSACANDO FUMAÇA

O PSDB reúne amanhã suas bancadas para debater a questão do impeachment da presidente Dilma. Mesmo sem sustentar que o pedido deve ser feito logo, Aécio Neves, presidente do partido, inclina-se pela iniciativa. Outros dois senadores, José Serra e Aloísio Nunes Ferreira, são contra, ainda que a maioria dos deputados se manifeste a favor. Geraldo Alckmin, governador, e Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, não deverão estar presentes, apesar de engrossarem a ala dos que rejeitam a iniciativa, por falta de um fato concreto capaz de justificá-la. 

Já os favoráveis escudam-se na opinião do Tribunal de Contas da União, que identifica crime de responsabilidade por parte de Dilma, por haver maquiado números para equilibrar receita e despesa no governo, quando na realidade os cofres públicos ficaram no vermelho, nos dois últimos anos.

Pesquisa reservada feita junto à maioria do Congresso revela que a maioria parlamentar não se sensibiliza pela proposta do impeachment, coisa admitida mesmo pelos tucanos mais inclinados na tese do afastamento da presidente da República.

Em suma, sem uma acusação direta e óbvia a respeito da probidade de Dilma, a discussão sobre o impeachment continuará inócua. Servirá para municiar os oposicionistas extremados mas redundará em nada.

A pergunta que se faz é se o PSDB ficará girando em círculos, demonstrando que o debate envolve mais do que a por enquanto inviável tentativa de afastamento da presidente. No caso, uma operação conduzida pelos tucanos paulistas para enfraquecer o mineiro Aécio Neves, hoje o líder da oposição e provável candidato ao palácio do Planalto em 2018. Pretendem, os paulistas, recuperar a hegemonia da indicação presidencial, eles que venceram com Fernando Henrique e perderam com Geraldo Alckmin e José Serra.

Não deixa de espantar muita gente a centralização em torno do impeachment. Mais do que ficar discutindo esse samba de uma nota só, os tucanos precisariam desde já estar preparando uma alternativa de governo para o desgoverno do PT. Acima e além, até, das denúncias de corrupção que envolvem os detentores do poder, a hora seria de uma discussão profunda a respeito do que fazer para o país recuperar-se do caos que nos assola. 

O diabo é que são, por essência, neoliberais, sabendo que a maioria da opinião pública rejeita as fórmulas de aumento de impostos, desemprego, extinção de investimentos sociais e até redução de direitos trabalhistas. A opção que não apareceu afugentaria, mais do que reuniria o sentimento nacional. A conclusão é de que o PSDB continua enxugando gelo e ensacando fumaça.

AJUDA IMPOSSÍVEL

Talvez bafejado pelos eflúvios sentimentais de nossos laços com Portugal, em visita ao país de nossos avós o vice-presidente Michel Temer declarou que a oposição serve para ajudar o governo a governar. Só se for no reino dos sonhos. Primeiro porque os donos do poder jamais aceitariam dividir a administração com seus adversários. Depois, porque esses em momento algum concordariam em desgastar-se por conta da incapacidade daqueles.

23 de abril de 2015
Carlos Chagas

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