"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

LEVY NÃO TEM O DIREITO DE SER INGÊNUO


O Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, proclamou em claro e bom som que a Petrobras não é mais a mesma e que a página da rapinagem já foi passada.

A intenção da autoridade fazendária foi certamente boa. Como é uma das poucas autoridades do governo que demonstra apego à verdade, uma declaração positiva dessa natureza só poderia fazer bem à empresa e ao País.

Sua declaração antecedeu de poucos dias a divulgação do balanço devidamente auditado da Petrobras com o que se busca recuperar a imagem da estatal junto à opinião pública nacional e estrangeira.

Não menos relevante, usou o peso de seu nome Levy para reforçar a credibilidade das palavras da Presidente da República, Dilma Rousseff, que publicamente assegurou que “ a Petrobras limpou o que tinha de limpar. Tirou aqueles que tinha de tirar lá de dentro, que se aproveitaram de suas posições para enriquecer seus próprios bolsos”.
Será?

É certo que o que os brasileiros esperamos é que a Petrobras possa cumprir o papel para o qual foi criada, e busque o efetivo benefício da sociedade e não apenas o de quadrilhas organizadas, colocadas em posições de destaque por indicações do PT.

Esses quadrilheiros não trouxas, atuam na surdina. Tanto é assim que a Presidente da República, que presidiu por anos seu conselho de administração, jurou que de errado nada percebeu, ouviu, soube ou desconfiou.

Se antes foi assim, quem pode assegurar que o mal já terá sido completamente extirpado? Houve alguma mudança, ou os dirigentes maiores da estatal passaram a ser designados por sua experiência no setor petrolífero? Pelo que se percebe, a lealdade ao PT parece continuar como condição fundamental para a ocupação dos cargos chaves.

A presidente Dilma buscou atribuir a roubalheira na Petrobras a indivíduos venais, que pensavam apenas em encher o próprio bolso. Não fez qualquer referência aos avanços que vêm sendo feitos nas investigações da Operação Lava Jato, ao fato de que parte do dinheiro desviado ia encontrar destino nos cofres do partido, por intermédio de seu hábil tesoureiro, João Vaccari Neto.

O ministro Levy não tem o direito de ser ingênuo. Pode e deve fazer declarações sobre os temas específicos de sua pasta, ainda que sobre os quais não tenham controle absoluto.
Não deveria a referida autoridade fazer declarações sobre a governança da Petrobras, pois pelo que se sabe não partiu dele a indicação do nome de nenhum dos novos altos funcionários da empresa.

A roubalheira na Petrobras se tornou possivel por conta da opacidade que cerca a empresa por todos lados, tornando-a imune à ação permanente dos órgãos públicos de fiscalização e até à de seus próprios auditores.

O Ministro da Fazenda deve sempre se recordar do antecessor Guido Mântega. Para agradar, ou para ser simpático à Presidente, Mântega foi aos poucos comprometendo sua credibilidade. Falava sobre temas que estavam fora de seu controle. O resultado está aí, sendo pago por toda a sociedade.

O ministro é novo, mas tem milhagem suficiente para saber que não pode acreditar ingenuamente que o PT vá, de repente, mudar comportamentos e hábitos que consolidou nos anos em que se instalou no poder.


23 de abril de 2015
Diário do poder

Nenhum comentário:

Postar um comentário