Vale insistir em tema aqui abordado dias atrás: e se o Lula não quiser ou não puder, hipótese bem remota, como ficará o PT em matéria de candidatos presidenciais? Dividem-se as pitonisas. Há quem suponha Aloysio Mercadante abrindo espaços desde já, em especial depois de Jaques Wagner ter sido isolado no ministério da Defesa.
Só que começa a aparecer uma alternativa. Fernando Pimentel ensaia passos de grande correção no governo de Minas. Ao contrario de seu rival Geraldo Alckmin, perdido em idas e vindas diante da crise hídrica, Pimentel age com realismo e coragem, reconhecendo dificuldades e atuando para reduzi-las.
Pode representar uma opção, caso obtenha sucesso nesse trabalho silencioso. Foi o primeiro governador a vir a Brasília e expor a crise energética para a presidente Dilma. Alckmin chegou depois, apesar do aparato publicitário da sexta-feira.
Pode ser considerado falta de assunto abordar quatro anos antes uma disputa cujos contornos surgem indefinidos, mas é sempre bom lembrar o velho provérbio árabe, de que bebe água limpa quem chega primeiro na fonte.
Claro que o Lula é o candidato natural, capaz de assegurar ao PT mais quatro ou até oito anos no poder, mas sendo a vida muito mais fascinante do que a ficção, melhor ir observando. O ex-presidente terá 73 anos em 2018.
Pode muito bem reservar-se o papel de oráculo e grande conselheiro, mas poupando-se dos pesados encargos da presidência da República.
MERCADANTE E PIMENTEL
Renovação é palavra rara no dicionário dos companheiros. Tanto Mercadante quanto Pimentel são fundadores do PT, já testados na militância e nas urnas. Andam meio afastados do Lula, bem mais próximos de Dilma, coisa capaz de trazer-lhes problemas se o ex-presidente topar a parada de disputar mais uma eleição. Dele dependerá o plano de voo dos tucanos.
Aécio Neves hoje ocupa a pole-position, conta com a segunda candidatura, mesmo com Geraldo Alckmin no seu calcanhar. Ambos sabem que, com Lula no páreo, diminuem suas possibilidades de vitória. Mas não deixarão de pleitear a indicação, abrindo sensível racha no ninho, ainda que por mais estranho que pareça, um poderá torcer pelo outro.
No PMDB cresce a tendência pelo rompimento da aliança com o PT através do lançamento de um candidato próprio, mas quem? Michel Temer teria preferência ainda que, com todo o respeito, não empolgue.
O partido que já teve opções aos montes, de Ulysses a Tancredo e a Teotônio, hoje parece órfão de lideranças nacionais. Mesmo assim, precisa fugir para a frente, à espera de um passe de mágica.
Hoje, o quadro ainda embaçado é esse. Amanhã, poderá mudar. Daqui a quatro anos, então, nem se fala.
02 de fevereiro de 2015
Carlos Chagas
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