No dia 28 de janeiro de 2007, ainda no primeiro mês de seu segundo mandato, Lula lançou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A cerimônia, com as presenças do mundo político, empresarial e sindical, teve pompa e circunstância, com direito a discurso lido e, por isso, sem as fanfarronadas habituais de Sua Excelência.
O programa, que no seguir da história produziu dois rebentos – o PAC 2 e o PAC 3 – falava de:
• obras de infra-estrutura,
• medidas de estímulo ao crédito e ao financiamento,
• medidas de desenvolvimento institucional,
• medidas de desoneração e administração tributária, e
• medidas fiscais de longo prazo.
O segundo mandato de Lula, que se iniciava naquele verão de 2007, viria a ser o período de maior crescimento do nosso Produto Interno Bruto desde 1987. Seria o Brasil o gigante que despertava, ou, quem sabe, o tigre latino-americano? Surpresa! Aquele período só não foi mais desastroso do que o de Dilma.
Começou ali, com Lula, a ruptura com os fundamentos do Plano Real e a ampliação da irresponsabilidade fiscal, o uso demagógico dos recursos públicos e os corruptos e corruptores passaram a ser aclamados como “guerreiros, heróis do povo brasileiro”.
Em certo momento, ainda em 2007, durante alguma reunião macabra, surgiu o nome de Dilma. Por fim, estabeleceu-se que, para eleger a proclamada mãe do PAC, nenhum excesso seria excessivo. E o diabo começou a ser feito.
Na ponta da fila para entrar no inferno, a Economia. Durante quatro anos de gestão sob comando da mãe do PAC, a Economia saiu do carretel e formou um emaranhado de fios sem ponta. O Brasil cresceu raquíticos 6,2% em todo o primeiro mandato de Dilma. São números que nos colocam bem abaixo da média mundial e de todos os nossos vizinhos, exceto a falida Venezuela.
Nos bastidores dos anúncios dos PACs urdiam-se escabrosas e sigilosas manobras para assaltar os recursos financeiros nacionais. Manobras que só chegariam ao conhecimento público mediante investigações da mídia e delações premiadas. Não há exagero em afirmar que os PACs só conseguiram acelerar a corrupção.
De fato, se observarmos as medidas relacionadas no primeiro parágrafo deste texto, veremos que algumas não aconteceram, outras foram inócuas e outras definitivamente maléficas, como as que pretenderam estimular o desenvolvimento pela via do consumo e do crédito. Nunca houve tanto crédito e tanto financiamento com juros privilegiados.
E há muito o Brasil não crescia tão pouco.
No primeiro escândalo do governo Lula, um funcionário da EBCT foi filmado recebendo uma propina de R$ 3 mil. O deputado João Paulo Cunha, pouco depois, recebeu um “toco” de R$ 50 mil. Durante o julgamento do Mensalão, viu-se que os montantes já eram contabilizados em milhões de reais. Agora, com o Petrolão, saltamos para a casa dos bilhões.
Isso sim é crescimento. E ninguém ousa apostar contra a existência de assaltos semelhantes em outros setores abrangidos pelos PAC nos quais atuavam os mesmos agentes e os mesmos interessados. Quem disse que nosso governo não está progredindo?
02 de dezembro de 2015
Percival Puggina é arquiteto, empresário, escritor
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