"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

PRESENTE DE NATAL: CHINA PREPARA-SE PARA SOCORRER FINANCEIRAMENTE A RÚSSIA

  


Na noite de 16 de dezembro, Wang Yungui, da Administração Chinesa de Câmbio, observou que “o impacto da depreciação do rublo russo ainda não aparece com clareza, e, como Bloomberg noticiou, “a China está acompanhando de perto a depreciação do rublo e encorajando as empresas a proteger-se contra os riscos do rublo.”

Seus comentários ecoaram também na agenda de reforma do mercado de moedas para dar mais flexibilidade ao yuan, tema para o qual o jornal “The South China Morning Post” apontou em matéria intitulada “Rússia pode procurar ajuda da China, para enfrentar crise” – na qual se lia que a Rússia pode recorrer ao acordo de swap [troca] de moeda, de 150 bilhões de yuan ($24 bilhões) com a China, assinado em outubro, se o rublo continuar a cair.

Além disso, dois banqueiros próximos do Banco Central da China [People’s Bank of China, PBOC] disseram que a linha de swap foi criada para reduzir o papel do dólar norte-americano, se China e Rússia precisarem ajudar-se uma a outra, para superar algum aperto de liquidez.

Como Bloomberg noticiou também ontem à noite, mais cedo, Wang Yungui disse que “o real impacto da depreciação do rublo ainda não está claro”, acrescentando que a China planeja reformas nas regras dos swaps, para flexibilizar trocas de moedas.

UMA PISTA…

Na sequência, o jornal South China Morning Post dá uma pista, ao afirmar que a Rússia pode servir-se do acordo de troca de moeda (150 bilhões de yuan (HK$189,8 bilhões) que tem com a China, se o rublo continuar em queda.

Se o acordo for ativado para essa finalidade, será a primeira vez que a China será chamada a usar a própria moeda para resgatar outro país em crise. O negócio foi assinado pelos dois bancos centrais em outubro, quando o premier Li Keqiang visitou a Rússia.

“Rússia precisa muito de apoio de liquidez, e a linha de swap pode ser ferramenta ideal”, disse o economista Lian Ping, do Banco de Comunicações.

O swap permite que os bancos centrais comprem yuan e rublos diretamente nas duas moedas, não mais via o dólar norte-americano.

SEM USO DO DÓLAR

Dois banqueiros próximos do Banco Central da China disseram que aquele acordo visa a reduzir o papel do dólar norte-americano, se China e Rússia precisarem ajudar uma a outra, no caso de aperto de liquidez.

Atualmente, a China mantém acordos de swap de moedas com mais de 20 autoridades monetárias em todo o mundo. Esses swaps, em geral, são usados para pagamentos de comércio bilateral.
“O acordo de swap não foi questão exclusivamente financeira” – disse Wang Feng, presidente de um grupo de corretores privados com sede em Xangai, Yinshu Capital. – “Teve implicações políticas, como sinal declarado de confiança mútua.”

O rublo perdeu mais de 50% em relação ao dólar esse ano, empurrando a Rússia para a beira de uma crise de moeda; medidas anunciadas pelo banco central, contudo, ajudaram o rublo, ontem, a recuperar algum terreno.

AJUDA AINDA MAIOR

Li Lifan, pesquisador na Academia de Ciências Sociais de Xangai, disse que o swap não será suficiente para a Rússia, mesmo que seja inteiramente usado. “O Banco Central da China pode concordar com acrescentar cerca de 15 bilhões de yuan ao acordado inicialmente, como meio de manifestar o compromisso da China em relação à Rússia.”

Alguns informativos econômicos, como o Bloomberg, continuam céticos, sem acreditar que esse pivô sem precedentes da Rússia em direção à China, que deixa de lado o ocidente, venha a ferir só o Kremlin.

Mas outros veem de outro modo: quem sairá beneficiado? A Europa, com déficit crônico de energia e dependente da energia russa? Ou a Rússia, país riquíssimo em recursos naturais, cuja economia passa atualmente por deriva dramática e dolorosa, no processo para romper todas as amarras que o ligam ao petrodólar e criar laços de Gas-O-Yuan?

Mas a política financeira que está sendo atacada é que, ao usar acordos bilaterais de troca de moeda, os países BRICS já estão efetivamente se desacorrentando de um ‘mundo desenvolvido’ à moda Fed e dominado por esse e outros bancos centrais, para assumirem, eles mesmos, suas próprias exigências de financiamento.

ACORDO DOS BRICS

O acordo que estabelece a Reserva de Contingência, Contingent Reserve Arrangement, o CRA dos BRICS – que começa com US$ 100 bilhões.

Esse acordo terá efeito positivo de precaução; ajudará países a livrar-se de pressões de liquidez de curto prazo; promoverá maior cooperação entre os BRICS; fortalecerá a rede de segurança financeira global e complementará outros acordos internacionais já existentes (…).
O acordo é um arcabouço que proverá liquidez mediante troca de moedas, em resposta a pressões reais ou potenciais de equilíbrio de curto prazo na balança de pagamentos.

Ah! Vale registrar: o papel do dólar nesse novo mundo é, bem… É zero, nada, zero.
Para quem talvez tenha esquecido quem são os BRICS, além de uma sigla criada por ex-banqueiro do Goldman, vale lembrar que nesses países vivem 3 bilhões de pessoas, quase a metade do planeta.

(artigo enviado por Sergio Caldieri)

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