"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

GERENTE CORRUPTO TINHA MUITAS REGALIAS NA PETROBRAS

  


Disposto a devolver cerca de US$ 100 milhões em propinas como gerente executivo de Engenharia da Petrobras, Pedro Barusco desfrutava de regalias bancadas pela estatal, como viagens em primeira classe, durante viagens para representá-la no exterior, apontam documentos obtidos pelo Globo.

Por ser funcionário do segundo escalão, Barusco tinha direito a viajar apenas em classe econômica ou executiva. Em 2007, no entanto, ao viajar para a Offshore Technology Conference (OTC), maior feira de petróleo do mundo, em Houston, nos EUA, foi autorizado a voar na primeira classe pelo simples fato de acompanhar o então diretor de Serviços, Renato Duque, também acusado, hoje, de corrupção.

“O empregado irá de primeira classe, porque acompanha o diretor Renato de Souza Duque”, justificou o funcionário da Petrobras que efetuou a reserva. O mesmo ocorreu em viagens naquele ano a Olivedo e Barcelona, na Espanha, e, no ano seguinte, à Coreia do Sul.

Quando viajava sozinho, Barusco também ia de primeira classe, após ser autorizado por Duque, de quem era braço-direito na estatal. Isso ocorreu em viagens de trabalho para Cingapura, na China, em 2005, para entrega de cascos das plataformas P-52 e P-54; para Dubai, nos Emirados Árabes, em 2008; e a Xangai, em 2010.

Perguntada pelo Globo sobre o motivo das autorizações a Barusco e que mecanismos dispõe para evitar abusos do tipo, a Petrobras não quis se pronunciar. Procurado, Barusco também não comentou.

“DORES NA REGIÃO LOMBAR”
 
Os bilhetes de primeira classe do ex-gerente custaram entre US$ 7 mil e US$ 22 mil, valores que variavam de acordo com o destino. Em geral, tarifas de primeira classe dão direito a poltronas totalmente reclináveis, refeições com menu assinado por chefs renomados e, em alguns casos, até banheiro exclusivo com chuveiro.

Antes de viajar a Cingapura, em 2005, Barusco escreveu a Duque reconhecendo que sua função não lhe daria direito, pelas regras da empresa, a voar em primeira classe. No entanto, pediu que o direito lhe fosse concedido por causa de “dores na coluna e na região lombar”, e por considerar viagens longas “extremamente penosas”.

Funcionário da Petrobras entre 1979 e 2010, o ex-gerente foi citado na Operação Lava-Jato por fornecedores da Petrobras que afirmaram ter pago propina a ele e a Duque para fechar contratos. Suas atividades na estatal são alvo da investigação da Polícia Federal e também da CPI do Congresso Nacional que investiga corrupção na petroleira.

01 de dezembro de 2014
Thiago Herdy
O Globo

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