Delcídio Amaral (PT) citado como "pombo correio" e José Pimentel (PT) como parte da farsa. Depoentes da CPI recebiam as perguntas e as respostas prontas dos petistas.
No lado do Planalto, após reuniões e trocas de telefonemas, a Secretaria de Relações Institucionais, chefiada por Ricardo Berzoini, divulgou uma nota para negar as informações de Veja. Segundo a publicação, Paulo Argenta, assessor especial do ministério, teria sido um dos responsáveis pela preparação das questões.
O Palácio do Planalto e o comando da campanha de Dilma Rousseff à reeleição montaram neste domingo, 3, uma estratégia para descolar a presidente da tentativa da oposição de associá-la à possibilidade de fraude na CPI instalada no Senado para investigar irregularidades na Petrobrás.
A denúncia de que depoentes da CPI receberam com antecedência as perguntas – publicada pela revista Veja – foi desqualificada pelo Planalto, mas integrantes da oposição e até da base aliada admitem que a situação pode levar à destituição do senador José Pimentel (PT-CE) da relatoria da CPI.
“A providência a ser tomada é o afastamento do relator que, até que se esclareça esse assunto, está sob suspeita de ser um dos participantes da farsa”, disse o tucano Aloysio Nunes, candidato a vice-presidente na chapa de Aécio Neves. A linha de ação do PSDB foi traçada durante um encontro do qual participaram Aécio, o governador Geraldo Alckmin (SP) e o ex-governador e candidato ao Senado José Serra, além de Aloysio.
No lado do Planalto, após reuniões e trocas de telefonemas, a Secretaria de Relações Institucionais, chefiada por Ricardo Berzoini, divulgou uma nota para negar as informações de Veja. Segundo a publicação, Paulo Argenta, assessor especial do ministério, teria sido um dos responsáveis pela preparação das questões.
“(...) A Secretaria de Relações Institucionais informa que não elaborou perguntas para uso dos senadores na referida CPI. Questionado, o assessor Paulo Argenta garante que jamais preparou questões que seriam realizadas durante os depoimentos na referida CPI”, diz o texto.
A ordem no Planalto e na campanha de Dilma é bater na tecla da “disputa política” e da “armação” engendrada pela mídia para tentar vincular a presidente a um escândalo. O discurso oficial é que a CPI sempre foi um “assunto do Congresso”.
Combinações. Segundo a revista, integrantes do governo e senadores do PT treinaram depoentes da CPI, “vazando” as perguntas que seriam feitas e combinando as respostas. Um dia antes do depoimento de José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobrás, ele e o relator José Pimentel teriam acertado quais seriam as perguntas e respostas. O mesmo esquema teria sido usado com a atual presidente da empresa, Graça Fortes, e com Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional.
A CPI foi criada após o Estado revelar que Dilma votou favoravelmente à compra de 50% da polêmica refinaria de Pasadena, no Texas, quando era ministra da Casa Civil e presidia o Conselho de Administração da Petrobrás. Ao Estado, ela informou que só aprovou a transação porque recebeu “informações incompletas” de um parecer.
O vice-presidente da CPI, senador Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP), disse que os integrantes do grupo ouvirão nesta terça-feira, 5, as explicações de Pimentel. Depois disso devem definir uma “nova diretriz” para a CPI.
(Estadão)
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