Como cidadão que acompanha o movimento na esquina desta eleição, permitam-me enviar um conselho ao candidato Aécio Neves. Meu caro Aécio, ou você faz como era usual na minha Santana do Livramento dos anos 50 e dá um risco com o pé no chão, estabelecendo os limites do seu campo político, definindo qual é o seu lado e o que ele significa, ou vai beber água suja nessa eleição.
O senhor enfrenta neste pleito duas adversárias com posições radicais e elas não podem ser enfrentadas com luvas de pelica e punhos de renda, como já disse alguém.
O programa de governo assumido por dona Marina Silva tratou de deixar claro que também é favorável à ideia contida no “decreto dos sovietes”, ou seja, que irá amarrar as decisões políticas e a gestão pública aos pareceres dos movimentos sociais. Alguns se surpreenderam com isso. No entanto, a candidata do PSB entrou na disputa riscando o chão, explicitando o seu quadrado.
E por isso, crescendo. O PSDB de Aécio Neves tem, no próprio programa que é favorável ao parlamentarismo, muito mais a dizer sobre mudanças institucionais. Tem muito maior contribuição a oferecer para sustar a marcha da democracia brasileira para os braços de um projeto totalitário.
Ao assumir compromisso programático com os conselhos populares, assim como ao negar contato com o PSDB em São Paulo, Marina Silva deixa claro que ela e Dilma têm um inimigo comum. Ou seja, têm um inimigo que está acima das atuais diferenças de projeto político. Por quê? Porque ambas vão na mesma direção. Ou esquecemos o jogo pesado de Dilma para implantar o seu projeto de Código Florestal? O verde de Marina e de Dilma é vermelho por dentro.
CONSELHOS POPULARES
A democracia popular, que está na base filosófica do projeto dos sovietes, se distingue da “democracia burguesa” ou liberal, deu nome a várias repúblicas comunistas da Ásia e do Leste Europeu antes do desfazimento da URSS. A partir da observação histórica, democracia popular sempre equivaleu a “ditadura do proletariado”. E ditadura do proletariado sempre foi pura e refinada ditadura das elites partidárias.
Não há, portanto, ilusões com as quais nos iludirmos. Marina e Dilma são galhos da mesma árvore, braços do mesmo corpo político. E se Aécio Neves persistir na conversa mole do melhorar o que está bem, ainda que acresça um “mudar o que está mal”, verá o imenso contingente de eleitores liberais e conservadores bandearem-se em desalento para um dentre dois males. Se é que isso já não aconteceu.
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