O PT não desiste: é tudo culpa da mídia. Depois de Lula ter proclamado aos quatro ventos que o lamentável episódio das ofensas dirigidas a Dilma Rousseff no jogo de abertura da Copa do Mundo foi obra da "zelite", seu homem de confiança no Palácio do Planalto, o ministro Gilberto Carvalho, manifestou opinião diversa, mas não necessariamente divergente, que na verdade "aprimora" o argumento petista: a culpa é da "pancadaria diária" dos meios de comunicação no lombo do PT e de seu governo.
Ajudam a entender as intenções do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência as circunstâncias em que ele se manifestou. Circunstâncias que, de resto, demonstram claramente o que o PT entende por "democratização da mídia": uma reunião, no Palácio do Planalto - patrocinada, portanto, com recursos de todos os brasileiros -, com blogueiros e ativistas militantes ou simpáticos ao lulopetismo, convocados para tratar da necessidade de se articularem e unificarem o discurso contra a "direita militante que não havia antes", para fazer "o debate da mídia para valer" (não ficou claro se o "para valer" se referia ao debate ou à mídia).
Não é a primeira vez que os blogueiros e comunicadores ativistas simpáticos ao PT são convocados para debater seu peculiar senso de exercício democrático do jornalismo. Com Lula já estiveram, recentemente, duas vezes, a última no dia 8 de abril. E desses encontros saem sempre com munição adequada para atacarem nas redes sociais os adversários, aliás, "inimigos" do PT.
E não foi com outro objetivo que Gilberto Carvalho, o responsável no governo pela articulação dos "movimentos sociais" manipulados pelos petistas, reuniu a tropa, nunca é demais registrar, na sede do Poder Executivo, bem pertinho do gabinete da presidente da República. O tema dominante na agenda do encontro foi a luta pela aprovação do polêmico decreto da Presidência que cria conselhos de participação popular para a formulação de políticas públicas em todo o aparelho estatal.
Carvalho enfatizou a necessidade de articulação política de todos os comunicadores que apoiam o governo com base no argumento central dos ideólogos do partido e da campanha eleitoral petista: o País está dividido entre "esquerda" e "direita", esta fortemente apoiada pela "mídia conservadora e hegemônica". E foi neste contexto que, para reforçar a argumentação, chamou a atenção para o episódio do Itaquerão: "Lá no Itaquerão não tinha só elite branca! Eu fui para o jogo, não no estádio, fiquei ali pertinho numa escola, para acompanhar os movimentos. Eu fui e voltei de metrô. Não tinha só elite no metrô não! Tinha muito moleque gritando palavrão dentro do metrô que não tinha nada a ver com elite branca".
E, mais adiante: "A coisa desceu! Tá? Isso foi gotejando, água mole em pedra dura, esse cacete diário de que não enfrentamos a corrupção, que aparelhamos o Estado, que nós somos um bando de aventureiros que veio aqui para se locupletar, essa história pegou! Na classe média, na elite da classe média e vai gotejando, vai descendo! Porque não demos combate, não conseguimos fazer o contraponto. Essa eleição agora vai ser a mais difícil de todas".
Seria ingênuo imaginar que Carvalho estaria fazendo um exame de consciência, um ato de contrição e reconhecimento da incapacidade petista de transmitir sua mensagem às massas. Muito ao contrário, simplesmente reafirmou a tática de vitimização daqueles que começam a se desesperar diante da possibilidade crescente de verem ruir seus planos de permanecer no poder a qualquer custo.
As manifestações dos ativistas, por sua vez, foram pontuadas por críticas à "incapacidade" do governo de neutralizar a "mídia golpista" e pelas soluções recomendadas para o problema: o "controle social" dos meios de comunicação e o apoio do Estado, com injeção de abundantes recursos, àqueles que se dedicam a "defender as causas sociais". Houve até quem reclamasse do fato de o governo não usar a emissora pública TV Brasil: "Eu sei que o senhor não é o dono da TV Brasil, mas a TV Brasil não entra em nada! É preciso que o governo assuma seus riscos para animar os que estão assumindo riscos do lado de cá". Colocada a questão nesses termos, resta saber o que os "do lado de lá" vão dizer nas urnas de outubro.
Ajudam a entender as intenções do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência as circunstâncias em que ele se manifestou. Circunstâncias que, de resto, demonstram claramente o que o PT entende por "democratização da mídia": uma reunião, no Palácio do Planalto - patrocinada, portanto, com recursos de todos os brasileiros -, com blogueiros e ativistas militantes ou simpáticos ao lulopetismo, convocados para tratar da necessidade de se articularem e unificarem o discurso contra a "direita militante que não havia antes", para fazer "o debate da mídia para valer" (não ficou claro se o "para valer" se referia ao debate ou à mídia).
Não é a primeira vez que os blogueiros e comunicadores ativistas simpáticos ao PT são convocados para debater seu peculiar senso de exercício democrático do jornalismo. Com Lula já estiveram, recentemente, duas vezes, a última no dia 8 de abril. E desses encontros saem sempre com munição adequada para atacarem nas redes sociais os adversários, aliás, "inimigos" do PT.
E não foi com outro objetivo que Gilberto Carvalho, o responsável no governo pela articulação dos "movimentos sociais" manipulados pelos petistas, reuniu a tropa, nunca é demais registrar, na sede do Poder Executivo, bem pertinho do gabinete da presidente da República. O tema dominante na agenda do encontro foi a luta pela aprovação do polêmico decreto da Presidência que cria conselhos de participação popular para a formulação de políticas públicas em todo o aparelho estatal.
Carvalho enfatizou a necessidade de articulação política de todos os comunicadores que apoiam o governo com base no argumento central dos ideólogos do partido e da campanha eleitoral petista: o País está dividido entre "esquerda" e "direita", esta fortemente apoiada pela "mídia conservadora e hegemônica". E foi neste contexto que, para reforçar a argumentação, chamou a atenção para o episódio do Itaquerão: "Lá no Itaquerão não tinha só elite branca! Eu fui para o jogo, não no estádio, fiquei ali pertinho numa escola, para acompanhar os movimentos. Eu fui e voltei de metrô. Não tinha só elite no metrô não! Tinha muito moleque gritando palavrão dentro do metrô que não tinha nada a ver com elite branca".
E, mais adiante: "A coisa desceu! Tá? Isso foi gotejando, água mole em pedra dura, esse cacete diário de que não enfrentamos a corrupção, que aparelhamos o Estado, que nós somos um bando de aventureiros que veio aqui para se locupletar, essa história pegou! Na classe média, na elite da classe média e vai gotejando, vai descendo! Porque não demos combate, não conseguimos fazer o contraponto. Essa eleição agora vai ser a mais difícil de todas".
Seria ingênuo imaginar que Carvalho estaria fazendo um exame de consciência, um ato de contrição e reconhecimento da incapacidade petista de transmitir sua mensagem às massas. Muito ao contrário, simplesmente reafirmou a tática de vitimização daqueles que começam a se desesperar diante da possibilidade crescente de verem ruir seus planos de permanecer no poder a qualquer custo.
As manifestações dos ativistas, por sua vez, foram pontuadas por críticas à "incapacidade" do governo de neutralizar a "mídia golpista" e pelas soluções recomendadas para o problema: o "controle social" dos meios de comunicação e o apoio do Estado, com injeção de abundantes recursos, àqueles que se dedicam a "defender as causas sociais". Houve até quem reclamasse do fato de o governo não usar a emissora pública TV Brasil: "Eu sei que o senhor não é o dono da TV Brasil, mas a TV Brasil não entra em nada! É preciso que o governo assuma seus riscos para animar os que estão assumindo riscos do lado de cá". Colocada a questão nesses termos, resta saber o que os "do lado de lá" vão dizer nas urnas de outubro.
23 de junho de 2014
Editorial O Estadão
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