Com a entrada em produção de novos campos no pré-sal, a oferta tende a crescer, e o país precisará de infraestrutura para abastecer o mercado
A abertura do mercado brasileiro de petróleo deu enorme impulso à indústria, especialmente à Petrobras, que conseguiu se livrar de antigas amarras e, sem a armadura do anacrônico monopólio, foi forçada a se tornar uma empresa mais competitiva. Infelizmente, quando esse processo ainda engatinhava, o governo Lula resolveu descer diversos degraus após a comprovação da descoberta de vultosos reservatórios na camada do pré-sal. As consequências de tal retrocesso podem ser percebidas na economia brasileira. O apetite das companhias petrolíferas para investir no país tem diminuído e a Petrobras já não possui folga para financiar todos os projetos de seu interesse e os que fora obrigada a assumir por imposição político-ideológica do governo do PT.
O governo Dilma retomou as licitações, mas já sem o brilho dos anos iniciais da abertura, exatamente pela perda de apetite dos investidores. No pré-sal, realizou a primeira sob o regime de partilha (para o qual apenas um consórcio ofereceu lance), que, espera-se, tenha sido o último em condições pouco atrativas para o conjunto da indústria.
O potencial de crescimento do setor de petróleo no Brasil permanece elevado, mas, para se materializar, depende da multiplicação de investidores que se disponham, inclusive, a fazer mais parcerias com a Petrobras. Por causa do retrocesso já mencionado, o governo terá agora de dar demonstrações claras que investidores são bem-vindos. A cadeia produtiva do gás natural talvez seja uma oportunidade concreta para isso.
O país importa hoje grande volume de gás — mais da metade do consumo. E da Bolívia, por meio de um duto que está no limite de sua capacidade de transporte, ou sob a forma de GNL (gás liquefeito), que é reconvertido em unidades especiais no litoral brasileiro. Há uma demanda crescente pelo gás, tanto para a produção industrial como para a geração de energia elétrica. As limitações de oferta e de infraestrutura é que restringem essa demanda.
No entanto, tudo leva a crer que a curva ascendente da produção de petróleo no pré-sal será acompanhada por um incremento semelhante na de gás. A Petrobras já planeja o transporte para terra firme do gás que for extraído nos poços marítimos, mas a infraestrutura terrestre existente não é suficiente para conduzir toda essa futura oferta para os consumidores. Para que não surja um novo gargalo no setor, o governo deveria ouvir o mercado e estabelecer condições que possam atrair investimentos que se somem aos que estão sendo realizados pela companhia estatal. Um pequeno gasoduto (Guapimirim-Comperj) deverá ser licitado ainda este ano ou início de 2015 pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Pode ser um primeiro teste.
A abertura do mercado brasileiro de petróleo deu enorme impulso à indústria, especialmente à Petrobras, que conseguiu se livrar de antigas amarras e, sem a armadura do anacrônico monopólio, foi forçada a se tornar uma empresa mais competitiva. Infelizmente, quando esse processo ainda engatinhava, o governo Lula resolveu descer diversos degraus após a comprovação da descoberta de vultosos reservatórios na camada do pré-sal. As consequências de tal retrocesso podem ser percebidas na economia brasileira. O apetite das companhias petrolíferas para investir no país tem diminuído e a Petrobras já não possui folga para financiar todos os projetos de seu interesse e os que fora obrigada a assumir por imposição político-ideológica do governo do PT.
O governo Dilma retomou as licitações, mas já sem o brilho dos anos iniciais da abertura, exatamente pela perda de apetite dos investidores. No pré-sal, realizou a primeira sob o regime de partilha (para o qual apenas um consórcio ofereceu lance), que, espera-se, tenha sido o último em condições pouco atrativas para o conjunto da indústria.
O potencial de crescimento do setor de petróleo no Brasil permanece elevado, mas, para se materializar, depende da multiplicação de investidores que se disponham, inclusive, a fazer mais parcerias com a Petrobras. Por causa do retrocesso já mencionado, o governo terá agora de dar demonstrações claras que investidores são bem-vindos. A cadeia produtiva do gás natural talvez seja uma oportunidade concreta para isso.
O país importa hoje grande volume de gás — mais da metade do consumo. E da Bolívia, por meio de um duto que está no limite de sua capacidade de transporte, ou sob a forma de GNL (gás liquefeito), que é reconvertido em unidades especiais no litoral brasileiro. Há uma demanda crescente pelo gás, tanto para a produção industrial como para a geração de energia elétrica. As limitações de oferta e de infraestrutura é que restringem essa demanda.
No entanto, tudo leva a crer que a curva ascendente da produção de petróleo no pré-sal será acompanhada por um incremento semelhante na de gás. A Petrobras já planeja o transporte para terra firme do gás que for extraído nos poços marítimos, mas a infraestrutura terrestre existente não é suficiente para conduzir toda essa futura oferta para os consumidores. Para que não surja um novo gargalo no setor, o governo deveria ouvir o mercado e estabelecer condições que possam atrair investimentos que se somem aos que estão sendo realizados pela companhia estatal. Um pequeno gasoduto (Guapimirim-Comperj) deverá ser licitado ainda este ano ou início de 2015 pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Pode ser um primeiro teste.
23 de junho de 2014
Editorial O Globo
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