BRASÍLIA - O ex-presidente Lula, como sempre a estrela da convenção do PT, ampliou indefinidamente os inimigos a serem combatidos com "adrenalina" pelos petistas: em vez de centrar fogo nos governos tucanos, em Aécio Neves e em Eduardo Campos, ele abriu a metralhadora giratória para guerrear contra os séculos anteriores, contra os 500 anos de história brasileira.
O grito de guerra, portanto, passou a ser "nós" contra todo mundo, contra tudo e todos os que não votam --ou não votam mais-- no PT e estão sendo jogados numa mesma vala comum: a "direita", os "oligopólios", os "neoliberais", a "mídia", o "capital especulativo", os "antipopulares". Se você, leitor, ousa apoiar outras candidaturas, pode tentar se encaixar num desses estereótipos.
Além de reaquecer a militância, ainda um dos bons ativos do PT, a estratégia foi também para mexer com os brios, constranger e provocar o imaginário do eleitorado mais bem informado. Afinal, quem quer, e quem pode, ser contra o povo, contra os pobres, contra a grande maioria da população brasileira?
Mas, já que mais de 70% dos eleitores defendem "mudanças", a convenção centrou o discurso e as energias na "esperança" e no "futuro" (contra os "agourentos", como disse Rui Falcão, presidente do PT).
Lula, que tratou a ele mesmo e a Dilma como "criador e criatura", precisou admitir indiretamente que nem tudo está tão bom, na medida em que prometeu: se Dilma ficar, o segundo mandato "vai ser muito melhor".
E Dilma, também para suplantar as críticas a seu governo e para dar o fecho de ouro à fala de Lula sobre a guerra contra os séculos, fez uma longa lista de programas, focando nos sociais, e jogou as expectativas na estratosfera: mais do que meras "mudanças", comprometeu-se com "um novo ciclo de desenvolvimento, um novo ciclo histórico".
O principal: Lula e Rui Falcão admitiram claramente que não será uma eleição fácil. Não será mesmo.
O grito de guerra, portanto, passou a ser "nós" contra todo mundo, contra tudo e todos os que não votam --ou não votam mais-- no PT e estão sendo jogados numa mesma vala comum: a "direita", os "oligopólios", os "neoliberais", a "mídia", o "capital especulativo", os "antipopulares". Se você, leitor, ousa apoiar outras candidaturas, pode tentar se encaixar num desses estereótipos.
Além de reaquecer a militância, ainda um dos bons ativos do PT, a estratégia foi também para mexer com os brios, constranger e provocar o imaginário do eleitorado mais bem informado. Afinal, quem quer, e quem pode, ser contra o povo, contra os pobres, contra a grande maioria da população brasileira?
Mas, já que mais de 70% dos eleitores defendem "mudanças", a convenção centrou o discurso e as energias na "esperança" e no "futuro" (contra os "agourentos", como disse Rui Falcão, presidente do PT).
Lula, que tratou a ele mesmo e a Dilma como "criador e criatura", precisou admitir indiretamente que nem tudo está tão bom, na medida em que prometeu: se Dilma ficar, o segundo mandato "vai ser muito melhor".
E Dilma, também para suplantar as críticas a seu governo e para dar o fecho de ouro à fala de Lula sobre a guerra contra os séculos, fez uma longa lista de programas, focando nos sociais, e jogou as expectativas na estratosfera: mais do que meras "mudanças", comprometeu-se com "um novo ciclo de desenvolvimento, um novo ciclo histórico".
O principal: Lula e Rui Falcão admitiram claramente que não será uma eleição fácil. Não será mesmo.
23 de junho de 2014
Eliane Cantanhede, Folha de SP
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