"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 3 de maio de 2014

TODOS OS BRASILEIROS COMPROMETIDOS


O pronunciamento feito pela presidente Dilma Rousseff na véspera do Dia do Trabalho deflagrou uma grande polêmica eleitoral, embora a campanha sequer tenha começado oficialmente. Ocorre que, ao convocar cadeia nacional de rádio e televisão para anunciar medidas esperadas e outras nem tanto, com benefícios para trabalhadores e também para o setor do eleitorado em que aparece mal nas pesquisas, a presidente acabou provocando reação indignada da oposição.
Ontem mesmo, parlamentares oposicionistas anunciaram que denunciarão ao Tribunal Superior Eleitoral o que consideram campanha antecipada.

Os dois lados fazem o jogo eleitoreiro. O que a presidente Dilma Rousseff fez na quarta-feira foi apenas repetir o que todos os presidentes fazem historicamente na véspera do 1º de Maio.
Anunciou o rotineiro reajuste gradativo do salário mínimo, o oportunista aumento do Bolsa Família e até a inesperada, mas sempre reclamada, correção da tabela do Imposto de Renda.
É evidente que o anúncio foi preparado para atenuar a queda que a mandatária vem amargando nas pesquisas eleitorais, o que fica claro com o afago à classe média na questão do Imposto de Renda.
Mas não chega a configurar um ilícito.

Mais preocupante foi a manifestação contraditória da presidente em relação ao episódio da Petrobras. Depois de se comprometer com uma apuração rigorosa dos malfeitos na estatal, disse que também não admitirá o que chama de campanha negativa de quem quer tirar proveito político, ferindo a imagem de uma empresa que o trabalhador brasileiro construiu com luta, suor e lágrimas. Ora, quem está prejudicando a imagem da Petrobras é exatamente o governo, que aparelhou politicamente a empresa e permitiu que gestores incompetentes ou mal-intencionados a empurrassem para maus negócios.

Recuperar a credibilidade da Petrobras é o desafio do governo. E isso certamente não será feito com ataques aos críticos, mas, sim, com correção das deformações e com a exposição transparente das práticas administrativas de quem comanda a maior estatal do país. Esse abacaxi não foi inventado pela oposição. Foi criado pelo próprio governo. Cabe-lhe, então, descascá-lo.

Como a presidente Dilma, todos os brasileiros comprometidos com o país querem ver a Petrobras forte, saudável e livre dos aproveitadores. Mas cabe a ela dar o exemplo, assumindo a responsabilidade no que lhe couber e sendo inflexível com eventuais malfeitores, para ficarmos na linguagem presidencial.

Não basta mudar de assunto. Nenhum pacote de bondades será suficiente para encobrir a corrupção.
03 de maio de 2014
Editorial Zero Hora

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