"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 3 de maio de 2014

LUZ AMARELA

Há crescente possibilidade de que a primeira mulher a presidir o país enfrente um segundo turno nas próximas eleições

Nos Estados Unidos, berço do sistema político que admiramos (pelo menos no que ele se propõe a ser: nem sempre no desempenho dos ocupantes do poder), a reeleição do inquilino da Casa Branca para um segundo mandato é certa, com raríssimas exceções.

Aqui, nem sempre. Como parece acontecer agora: a mais recente pesquisa de opinião mostra queda considerável no prestígio da presidente Dilma Rousseff. Pelo visto — melhor dizendo, pelo que ouviram os entrevistadores dos eleitores — há crescente possibilidade de que a primeira mulher a presidir o país enfrente um segundo turno nas próximas eleições presidenciais, em outubro.

Entre fevereiro e abril, a intenção de voto em Dilma caiu de 43,7 para 37%. Não é veredicto definitivo. Apenas um sinal alarmante para os atuais ocupantes do poder.

Outras pesquisas serão necessárias para que se determine um dado essencial: foi queda momentânea — como pode acontecer, e há exemplos disso na história da República — ou estamos assistindo aos primeiros sinais de um desabamento sem retorno do prestígio popular da primeira mulher a comandar o país?

Se acontecer mesmo a transformação de uma possível desilusão eventual dos eleitores em queda fatal — e inédita — da confiança dos eleitores na eficiência de quem os governa, o PT tem pela frente decisão inédita: insiste numa recuperação do prestígio de Dilma ou parte para outra candidatura — que seria, inevitavelmente, do mais popular petista em seus quadros.

Lula, é claro. O que não impede o que seria decisão tão dolorosa quanto arriscada: aos olhos de grande parte do eleitorado, Lula estaria, com todo o respeito, tapando um buraco cavado pelo próprio PT.

Se as pesquisas de opinião não mentem — ou refletem apenas um momento passageiro da reconhecidamente volúvel vontade da opinião pública — nunca se sabe ao certo. Pelo menos, até o momento em que as urnas dão o seu veredicto definitivo.

Mas como diz o jornal, acendeu-se uma luz amarela no caminho de Dilma e do PT. No trânsito, é uma recomendação de cautela. Na política, trata-se de uma advertência severa: cuidado, pessoal, vocês estão indo para o buraco!

 
03 de maio de 2014
Luiz Garcia, O Globo

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