Há crescente possibilidade de que a primeira mulher a presidir o país enfrente um segundo turno nas próximas eleições
Nos Estados Unidos, berço do sistema político que admiramos (pelo menos no que ele se propõe a ser: nem sempre no desempenho dos ocupantes do poder), a reeleição do inquilino da Casa Branca para um segundo mandato é certa, com raríssimas exceções.
Aqui, nem sempre. Como parece acontecer agora: a mais recente pesquisa de opinião mostra queda considerável no prestígio da presidente Dilma Rousseff. Pelo visto — melhor dizendo, pelo que ouviram os entrevistadores dos eleitores — há crescente possibilidade de que a primeira mulher a presidir o país enfrente um segundo turno nas próximas eleições presidenciais, em outubro.
Nos Estados Unidos, berço do sistema político que admiramos (pelo menos no que ele se propõe a ser: nem sempre no desempenho dos ocupantes do poder), a reeleição do inquilino da Casa Branca para um segundo mandato é certa, com raríssimas exceções.
Aqui, nem sempre. Como parece acontecer agora: a mais recente pesquisa de opinião mostra queda considerável no prestígio da presidente Dilma Rousseff. Pelo visto — melhor dizendo, pelo que ouviram os entrevistadores dos eleitores — há crescente possibilidade de que a primeira mulher a presidir o país enfrente um segundo turno nas próximas eleições presidenciais, em outubro.
Entre fevereiro e abril, a intenção de voto em Dilma caiu de 43,7 para 37%. Não é veredicto definitivo. Apenas um sinal alarmante para os atuais ocupantes do poder.
Outras pesquisas serão necessárias para que se determine um dado essencial: foi queda momentânea — como pode acontecer, e há exemplos disso na história da República — ou estamos assistindo aos primeiros sinais de um desabamento sem retorno do prestígio popular da primeira mulher a comandar o país?
Se acontecer mesmo a transformação de uma possível desilusão eventual dos eleitores em queda fatal — e inédita — da confiança dos eleitores na eficiência de quem os governa, o PT tem pela frente decisão inédita: insiste numa recuperação do prestígio de Dilma ou parte para outra candidatura — que seria, inevitavelmente, do mais popular petista em seus quadros.
Lula, é claro. O que não impede o que seria decisão tão dolorosa quanto arriscada: aos olhos de grande parte do eleitorado, Lula estaria, com todo o respeito, tapando um buraco cavado pelo próprio PT.
Se as pesquisas de opinião não mentem — ou refletem apenas um momento passageiro da reconhecidamente volúvel vontade da opinião pública — nunca se sabe ao certo. Pelo menos, até o momento em que as urnas dão o seu veredicto definitivo.
Mas como diz o jornal, acendeu-se uma luz amarela no caminho de Dilma e do PT. No trânsito, é uma recomendação de cautela. Na política, trata-se de uma advertência severa: cuidado, pessoal, vocês estão indo para o buraco!
Outras pesquisas serão necessárias para que se determine um dado essencial: foi queda momentânea — como pode acontecer, e há exemplos disso na história da República — ou estamos assistindo aos primeiros sinais de um desabamento sem retorno do prestígio popular da primeira mulher a comandar o país?
Se acontecer mesmo a transformação de uma possível desilusão eventual dos eleitores em queda fatal — e inédita — da confiança dos eleitores na eficiência de quem os governa, o PT tem pela frente decisão inédita: insiste numa recuperação do prestígio de Dilma ou parte para outra candidatura — que seria, inevitavelmente, do mais popular petista em seus quadros.
Lula, é claro. O que não impede o que seria decisão tão dolorosa quanto arriscada: aos olhos de grande parte do eleitorado, Lula estaria, com todo o respeito, tapando um buraco cavado pelo próprio PT.
Se as pesquisas de opinião não mentem — ou refletem apenas um momento passageiro da reconhecidamente volúvel vontade da opinião pública — nunca se sabe ao certo. Pelo menos, até o momento em que as urnas dão o seu veredicto definitivo.
Mas como diz o jornal, acendeu-se uma luz amarela no caminho de Dilma e do PT. No trânsito, é uma recomendação de cautela. Na política, trata-se de uma advertência severa: cuidado, pessoal, vocês estão indo para o buraco!
03 de maio de 2014
Luiz Garcia, O Globo
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