"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 5 de abril de 2014

TUDO EMBOLADO


BRASÍLIA - A Petrobras, que já foi o que foi, agora compra uma refinaria por preços exorbitantes nos EUA e vende outra bem baratinho para a Argentina. No mínimo, a turma é ruim de fazer negócios.

O pior é que a presidente Dilma Rousseff está no centro das discussões, com o Planalto batendo boca com o advogado Edson Ribeiro, que defende o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, pivô da crise.

Foi Dilma quem criou a crise política e a ameaça de CPIs, quando disse, ou melhor, escreveu, que, na condição de chefe da Casa Civil de Lula e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, foi induzida por um "relatório falho" e por "informações incompletas" a aprovar a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA. "Seguramente", frisou, a operação não deveria ser feita.

Advogado de Cerveró, responsável pelo tal relatório esquisitão, desmentiu a versão da atual presidente da República e foi além: os conselheiros (logo, Dilma inclusive) receberam o contrato 15 dias antes, com tempo suficiente para examiná-lo. "Se não o fizeram, foram no mínimo levianos ou praticaram gestão temerária." Quis dizer que Dilma também?

O Planalto negou, reforçando a versão original da presidente. Ficou uma sensação de "acareação", aguardando algum papel, algum carimbo, algum rastro burocrático que possa explodir uma das duas versões. Em forma de ameaça, o advogado disse que Cerveró "não será bode expiatório". Ou seja, o Planalto, que gerou a crise, e o diretor, que é o pivô dela, pagaram para ver.

Para complicar, um mesmo doleiro, Alberto Youssef, deu um Land Rover para Paulo Roberto Costa, outro ex-diretor da Petrobras enrolado com Pasadena, e emprestou seu jatinho para o petista André Vargas, vice-presidente da Câmara, e seus familiares. Youssef e Costa foram presos na Operação Lava Jato, da PF. Vargas tenta justificar o injustificável.

Nada a ver? Sim, pode ser. Mas está tudo muito embolado.

05 de abril de 2014
Eliane Catanhêde, Folha de SP

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