Após as denúncias contra dez pessoas, entre elas os principais alvos da operação Lava Jato – o ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef – a Polícia Federal mira agora outros funcionários da estatal petrolífera que teriam ligação com o suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro que pode ter desviado R$ 10 bilhões. Os investigadores suspeitam que Costa pode ter repartido dinheiro dos desvios com colegas da estatal.
“Até abril de 2012, esses desvios ocorreram no exercício da função pública de diretor da Petrobrás”, aponta a Procuradoria da República. “Após esta data, continuaram acontecendo com o denunciado Paulo Roberto Costa contando com a colaboração de outros funcionários públicos da Petrobrás, que serão identificados em investigação autônoma.”
O destinatário de “comissões” era a Costa Global, consultoria que o ex-diretor criou depois que saiu da Petrobrás. “O pagamento de propina acontecia com depósitos nas empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef ou na própria conta corrente da Costa Global. Recentemente, Costa atuava diretamente na compra de cotas de sociedades que seriam contratadas pela Petrobrás.”
A PF interceptou contato de Youssef com o empresário Márcio Bonilho, do Grupo Sanko-Sider em 20 de outubro de 2013. “Vê quanto o Paulo Roberto levou”, comenta o doleiro ao interlocutor, que o chama de “presidente”. Planilha apreendia pela PF indica pagamento de R$ 7,95 milhões para Costa apenas na obra da Abreu e Lima.
Segundo a denúncia, a organização integrada por Costa “tinha por finalidade a prática de lavagem dos recursos financeiros auferidos de crimes contra a administração pública, mais precisamente contra a Petrobrás”. Costa “utilizava de seu cargo e, posteriormente, de suas influências para obtenção de contratos fraudados com a estatal”.
“Os desvios ocorreram de 2009 até 2014 e se referem a quantias relacionadas ao pagamento de contratos superfaturados a empresas que prestaram serviços direta ou indiretamente à Petrobrás, com a colaboração e intermediação de Costa.”
26 de abril de 2014
Fausto Macedo / Estadão
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