"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 23 de março de 2014

NOME DE GENTE

 

A Europa e a Ásia são regiões habitadas há muito tempo. Agrupamentos humanos estabelecidos há milênios deram nascimento às cidades atuais. Com pouquíssimas exceções, os vilarejos e as cidades levam nomes tradicionais cuja origem se perde na poeira do passado.
 
Alexandria, Egito
Alexandria, Egito
 
As raríssimas exceções ficam por conta de nomes tais como Alexandria (homenagem a Alexandre, o Grande), Leningrado, El Ferrol del Caudillo, Stalingrado. Estas três últimas, aliás, após a queda do homenageado, livraram-se da artificialidade de carregar um nome inventado.
 
Assim, Leningrado voltou a ser São Petersburgo. Na Espanha, El Ferrol del Caudillo alforriou-se do ditador e passou a assinar O Ferrol. E Stalingrado, à beira do Rio Volga, adotou nome sugestivo: Volgogrado.
 
No continente americano, a coisa funciona de outra maneira. Especialmente no que é hoje nosso país, o povoamento autóctone não seguia o mesmo padrão do colonizador. Não havia nenhuma cidade. Os agrupamentos humanos eram de pequena importância. Vilas e cidades foram surgindo com a colonização, e seu batismo ficou a critério dos fundadores.
 
Em alguns casos, a toponimia tupi foi respeitada. Em outros, funcionou a criatividade dos fundadores. Característica dos países americanos em geral e do nosso em particular é o costume de darmos a cidades nome de gente. A mim, parece uma tremenda falta de imaginação. Essa prática deveria ser proibida por lei.
 
Edison Lobao
Clique na foto para ler o artigo da Folha
 
A Folha de São Paulo tirou do fundo do baú a história de um povoado do Maranhão profundo que teve sua denominação tradicional alterada 20 anos atrás ao desmembrar-se de Imperatriz.
 
Sem que os habitantes fossem consultados, o novo município perdeu a tradicional e poética denominação de Ribeirãozinho. Sapecaram-lhe o nome do figurão que acabava de cumprir seu mandato de governador do Estado.
Dizem as más línguas que a razão dessa enormidade é o fato de o figurão ser chegado ao clã Sarney. Seja como for, era personagem vivo, em carne e osso. Por sinal, ainda vive.
 
Se alguém achou absurdo, vai-se encantar com a ironia da situação atual. O governador que emprestou seu nome ao município vive hoje em Brasília, onde ocupa o cargo de Ministro de Minas e Energia. Pois fique sabendo, distinto leitor, que certos distritos da cidadezinha que leva seu nome… não dispõem de energia elétrica.
Se não fosse dramático, seria até engraçado.
 
23 de março de 2014
José Horta Manzano

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