"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 23 de março de 2014

A FARSA DA PSICOGRAFIA

Me escreve Emerson Schmidt:

Caro Janer

Tudo bem? Na verdade a coisa é pior do que parece, especialmente quando se leva em consideração a publicação do livro Por trás do véu de Ísis - Uma investigação sobre a comunicação entre vivos e mortos, de Marcel Souto Maior em 2004 e o que ele revela sobre a metodologia psicográfica do Baccelli. No site obraspsicografadas se comenta sobre este médium usando-se trechos de um capítulo do livro cujo título é "Conta tudo pro médium" onde é possível se ler a que nível este embuste em particular chegou:

"É ali, atrás de uma mesa de madeira, que Baccelli atende os candidatos a receber uma mensagem do além. Estes encontros se sucedem a partir das cinco da manhã, uma hora e meia antes do início da psicografia. Durante as conversas, quase sempre ligeiras, Baccelli pede mais detalhes aos visitantes sobre seus entes queridos e as circunstâncias da morte. Informações como nomes de avôs e avós são anotadas por ele, muitas vezes, em pequenos pedaços de papel, levados mais tarde até a mesa do salão principal, o palco da psicografia. Quem organiza a fila é um carteiro aposentado de Uberaba, o seu Paulo, sempre simpático e dedicado. Ele se posiciona em frente à porta da saleta, que se fecha assim que cada visitante entra.

Neste sábado, ele está preocupado com a família que veio de carro de Florianópolis em busca de uma mensagem do filho morto. Foram dezenove horas de viagem. O pai do jovem está na fila e recebe instruções solidárias do seu Paulo: — Capricha, hein? Conta tudo pro médium pra você receber sua mensagem. O pai entra sozinho na saleta e, para alivio do seu Paulo, fica quase três minutos lá dentro. — Este deve receber a cartinha — prevê o ex-carteiro, agora encarregado da correspondência entre vivos e mortos. O seu Paulo quase nunca erra. ...". Certamente que quase nunca erra. O mesmo se pode dizer de Valdomiro e as dezenas de milagres feitos diariamente na sua da Igreja Mundial do Poder de Deus. Ambos conhecem profundamente seus respectivos rebanhos...

No fim do mesmo capítulo, o autor do livro questiona o médium sobre o excesso de detalhes pesquisados nas entrevistas feitas com os interessados em receber alguma mensagem:

"— Por que o senhor… digamos… “entrevista”, antes da sessão, os visitantes que vêm aqui em busca de mensagens? Por que são necessárias tantas informações?

Baccelli tem uma resposta pronta:

— O trabalho de psicografia não é só dos espíritos. É do médium também. O médium é parte integrante da equipe espiritual e deve ser o guardião da autenticidade de cada mensagem.

A coleta de informações antes da sessão teria, segundo o médium, as seguintes funções: facilitar a sintonia com os espíritos e preservar o trabalho de qualquer “fraude maledicente”.

— Este, Baccelli, é um cenário de dor, fé, esperança e de desconfiança também. Muitos pais duvidam da autenticidade das mensagens quando encontram, nas cartas destinadas a eles, dados já revelados ao senhor — argumento. Baccelli reage com calma:

— Este não é um problema meu. Não cabe ao médium duvidar. As pessoas duvidam até da existência de Deus, apesar de estarem diante da maior evidência de todas: a criação do mundo.

A resposta se prolonga:

— Normalmente as pessoas não querem apenas uma simples mensagem. Elas estão aqui porque querem o filho de volta, e isto as mensagens não conseguem fazer. Cada mensagem é de conforto, de esclarecimento, mas não é de convicção para aquele que não quer crer. A fé é uma conquista individual. Nós não nascemos com fé. A fé, como a paciência, como tudo, é uma conquista. A mensagem é um material de reflexão.

A conversa se encerra com uma citação de Paulo de Tarso:

— A profecia não é para os que duvidam, é para os que crêem — diz Baccelli.

Quando informações como essas estão publicadas até na net e, mesmo assim tal carta ainda foi aceita no processo judicial sem maiores questionamentos, é melhor se pensar se não seria o caso de se contabilizar despesas mediúnicas quando surgirem certos problemas legais que levem aos tribunais. É até mesmo estranho que alguém ainda não tenha reformulado algum curso de direito e dado a opção do estudante se especializar como advogado-médium ou então se formar nesta nova profissão. Talvez os espíritos estejam apenas esperando que a idéia seja mais aceita para então sugerirem isso a algum médium...

Até mais.

Emerson.

N.B.: O livro citado está disponibilizado na net. É só digitar no google "Por trás do véu de Ísis" que o pdf para baixar aparece
www.damasceno.info/damasceno/MeuSite/Espiritual/veudeisis.pdf

23 de março de 2014
janer cristaldo

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