Não gosto do estilo do secretário da Saúde do Ceará, Ciro Gomes. Mas de uma vez, basta consultar o arquivo, já censurei o seu destempero, a sua falta de comedimento, o seu vocabulário desassombrado. Rejeito também as análises de conjuntura que faz etc. Mas, confesso, não vi agressão nenhuma no vídeo abaixo, que está em todos os sites e portais. Vejam. Volto em seguida.
Nem iria tocar no assunto, mas alguns leitores insistem para que fale. Então falo. Não há agressão. Esse rapaz não é da imprensa, como fica evidente. Está ali para ofender o político, o que fica claro logo de saída, quando diz: “Mais um que faz parte da corja…”
Ele tem o direito de achar que o outro “faz parte da corja”, mas não pode exigir, então, que este dê declarações ou se deixe filmar. Afastar alguém com o braço para não ser filmado não é agressão. Caso se tratasse de um jornalista, fazendo um trabalho de imprensa, haveria inconveniência, mas não creio que o hipotético profissional se aproximasse afirmando “mais um que faz parte da corja”.
Ciro participava da inauguração de uma UPA em Fortaleza, na sexta, dia 7.
Esse estilo “mídia ninja” tem de ser menos sensível. Se você quer chamar o ouro de corja e enfiar a câmera na cara dele, nem que seja a de um celular, tem de saber que se expõe a uma reação.
Publiquei aqui outro dia um vídeo em que moradores de Brasília atraem o governador Agnelo Queiroz para um armadilha. Dão os parabéns a ele, elogiam-no, e ele se aproxima. Quando chega, dizem que faz um péssimo governo e que destruiu Brasília.
O jornalismo jamais faria isso, é evidente. Agnelo, no caso, só se afastou. Se tivesse, sei lá, afastado os caras com as mãos, estaria caracterizada uma “agressão”. Eu acho que não. Quem adota esse estilo tem de saber que a reação pode não ser a melhor. De todo modo, é bom que a autoridade jamais se esqueça de sua função pública.
No caso em espécie, no entanto, não vi agressão nenhuma. Já tive uma penca de motivos para criticar Ciro Gomes e o fiz. Mas não nesse episódio.
11 de fevereiro de 2014
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