A reeleição de Dilma, mostram as pesquisas, parece certa. Mas é bom lembrar que imprevistos acontecem. Como em junho, quando milhares de brasileiros saíram às ruas para cobrar mais decência de políticos e um país melhor.
À época, blogueiros chapas-brancas de aluguel escracharam 1% dos eleitores que não comungava do Brasil maravilha. Estupefatos com a multidão nas ruas, logo tacharam de direitistas os manifestantes que bradavam contra a corrupção e pediam serviços públicos de boa qualidade. Pode um crime destes: querer decência na política?Pesquisas de opinião, à época, desorientaram o governo, a oposição, jornalistas, cientistas políticos.
Enfim, todos. Ninguém nunca imaginou uma reação dessas por parte do brasileiro - esse sujeito tratado como otário por políticos inescrupulosos e que sempre engoliu em seco, impassível, toda a roubalheira possível e até inimaginável do dinheiro que paga de impostos. Como, de repente, do nada, esse turbilhão de gente acordava, vaiava Dilma num estádio lotado e dizia que não estava assim tão satisfeito com o Brasil maravilha?
Num primeiro momento, o que enlouqueceu os chapas-brancas é que os brasileiros que saíram às ruas vetaram a participação, nos protestos, de claques organizadas. Manifestantes de aluguel com bandeiras de partidos, de direita ou de esquerda, não eram bem recebidos. Cresceu, então, a infiltração dos black blocs. E a violência estúpida dos mascarados e da polícia nas passeatas acabou, para alívio dos corruptos de plantão, afastando os cidadãos comuns. Aí, tão surpreendente como surgiu, o movimento cívico desapareceu de cena.
A indignação expressada nos protestos também parece que sumiu das pesquisas de intenção de voto. Rapidamente, Dilma recuperou a popularidade - menos em Brasília - e segue rumo a uma reeleição tranquila. Nem o retrocesso na economia, a principal marca da atual presidente, como bem apontou Marina, parece abalar a perspectiva de vitória certa.
No Congresso, o conforto com a volta do conformismo da população é tão grande que, no apagar das luzes do ano legislativo, os deputados federais ainda tiveram o topete de aprovar para eles mesmos um mimo de R$ 16 milhões. É mais dinheiro que sai do nosso bolso e, em vez de servir para melhorar serviços públicos, vai bancar mordomias das excelências. E nem dá pra reclamar. Os culpados desse escracho somos nós mesmos. Ou não?
21 de dezembro de 2013
Plácido Fernandes, Correio Braziliense
À época, blogueiros chapas-brancas de aluguel escracharam 1% dos eleitores que não comungava do Brasil maravilha. Estupefatos com a multidão nas ruas, logo tacharam de direitistas os manifestantes que bradavam contra a corrupção e pediam serviços públicos de boa qualidade. Pode um crime destes: querer decência na política?Pesquisas de opinião, à época, desorientaram o governo, a oposição, jornalistas, cientistas políticos.
Enfim, todos. Ninguém nunca imaginou uma reação dessas por parte do brasileiro - esse sujeito tratado como otário por políticos inescrupulosos e que sempre engoliu em seco, impassível, toda a roubalheira possível e até inimaginável do dinheiro que paga de impostos. Como, de repente, do nada, esse turbilhão de gente acordava, vaiava Dilma num estádio lotado e dizia que não estava assim tão satisfeito com o Brasil maravilha?
Num primeiro momento, o que enlouqueceu os chapas-brancas é que os brasileiros que saíram às ruas vetaram a participação, nos protestos, de claques organizadas. Manifestantes de aluguel com bandeiras de partidos, de direita ou de esquerda, não eram bem recebidos. Cresceu, então, a infiltração dos black blocs. E a violência estúpida dos mascarados e da polícia nas passeatas acabou, para alívio dos corruptos de plantão, afastando os cidadãos comuns. Aí, tão surpreendente como surgiu, o movimento cívico desapareceu de cena.
A indignação expressada nos protestos também parece que sumiu das pesquisas de intenção de voto. Rapidamente, Dilma recuperou a popularidade - menos em Brasília - e segue rumo a uma reeleição tranquila. Nem o retrocesso na economia, a principal marca da atual presidente, como bem apontou Marina, parece abalar a perspectiva de vitória certa.
No Congresso, o conforto com a volta do conformismo da população é tão grande que, no apagar das luzes do ano legislativo, os deputados federais ainda tiveram o topete de aprovar para eles mesmos um mimo de R$ 16 milhões. É mais dinheiro que sai do nosso bolso e, em vez de servir para melhorar serviços públicos, vai bancar mordomias das excelências. E nem dá pra reclamar. Os culpados desse escracho somos nós mesmos. Ou não?
21 de dezembro de 2013
Plácido Fernandes, Correio Braziliense
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