Foi um absoluto gol contra a diplomacia norte-americana a estranha declaração do ex-embaixador dos EUA no Brasil sobre o desfecho da compra dos novos caças para a Força Aérea Brasileira. Thomas Shannon pisou na bola ao confessar que a Casa Branca ficou decepcionada com a escolha dos suecos.
Admitir derrota, com tanta sinceridade, foge ao tradicional paradigma de negociação dos Ianques... Agora, o ato falho de Shannon ainda serve para o governo Dilma Rousseff fingir, simbolicamente, que se vingou dos EUA no episódio da espionagem promovida pela NSA (a Agência Nacional de Segurança deles).
A maior prejudicada foi a Boeing – cuja divisão brasileira é presidida por Donna Hrinak, que foi embaixadora do Tio Sam por aqui entre 2002 e 2004. A derrota foi mais feia porque Hrinak é membro do Conselho de Relações Exteriores (Council on Foreign Relations) e do Diálogo Inter-Americano. É mais evidência de que a Oligarquia Financeira Transnacional, que comanda tais instituições, está rompida com a petralhada.
A Boeing vai ganhar dinheiro por aqui em outra linha. Será inevitável que o governo brasileiro seja forçado a abrir o mercado para outras empresas aéreas, rompendo o duopólio TAM-GOL. O gatinho angorá Moreira Franco negocia o assunto. Se novas empresas entrarem aqui, em um novo sistema de aviação regional, Hrinak poderá vender seus 737 Max e sair do prejuízo com a derrota na venda dos caças F-18.
Sem dúvida alguma, quem se deu bem com a definição pelos suecos foi nossa Aeronáutica. Todo mundo sabia que velhos caças estavam inoperantes. Literalmente, não podiam sair do chão. Por isso, o acordo com a Saab, que é uma divisão da Scania, foi definido com urgência, mesmo contra a pressão dos norte-americanos da Boeing e dos franceses da Dassault. E a vantagem maior: nossos militares poderão participar do desenvolvimento do Gripen NG.
Ontem, outra notícia salvadora. Karin Enström, ministra da Defesa Suécia, prometeu ceder, logo no começo do ano de 2014, caças Gripen C/D para a FAB. Será a salvação, porque os nossos caças atuais não saem mais do chão. A licença do software deles está vencida. Por isso, avião novo é um caso de urgência urgentíssima. Os militares já estavam pressionando o governo há muito tempo. E o Gripen zero bala só chega em 2018...
Além da FAB, quem se deu bem nessa história do Gripen foi o prefeito de São Bernardo do Campo. Luiz Marinho, desde o começo das negociações, sempre foi o grande lobista da Saab. Chegou até a criar rusgas com o padrinho Lula – que chegou a escolher os franceses e depois os traiu, como bom sindicalista de resultados e pragmático colaborador do DOPS da dita-dura. Agora, como a fábrica do Gripen será em SBC, até Lula vai tirar onda de que ajudou trazer o negócio para a cidade em que mora...
Quem se deu mal na história, além dos norte-americanos e franceses, foi o ex-ministro da Defesa. Nelson Jobim foi o maior defensor de que a FAB fechasse com a turma da Dassault. Depois, quando o negócio não vingou, Jobim partiu para oferecer, nos bastidores militares, a alternativa de adquirir aviões russos – o que ainda não está descartado, na emergência, até o primeiro dos 36 Gripen chegar em 2018... Agora, para Jobim, o esquema entrou em ritmo de dane-se o avião...
Uma coisa é certa. A parceria com os suecos, se não for sabotada por forças ocultas, parece uma boa para o Brasil. A Embraer também deve entrar na parceria com a Saab. Se tudo der certo, daqui a duas décadas, o Brasil pode ter uns 100 caças Gripen operando por aqui. E a fábrica de SBC ainda poderá exportar aviões.
Tal futuro pertence aos senhores deuses da guerra comercial... Se eles deixarem, vamos decolar... Do contrário...
Comigo ninguém pode...
Estamos juntinhos
The book is on the prision
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
21 de dezembro de 2013Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
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