A inflação não está tão controlada como vem declarando o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Os riscos de alta persistem.
É o que está no Relatório Trimestral de Inflação, um dos mais importantes documentos do Banco Central, que avalia todos os fatores que direta ou indiretamente têm a ver com a formação de preços. Desta vez, o Banco Central chama a atenção para a persistência de três principais riscos, não só de inflação, como, também, das expectativas dos formadores de preços em relação a ela.
O primeiro deve ser entendido como advertência ao governo. É o forte desalinhamento dos preços administrados, aqueles que dependem de autorização dos ministros para serem reajustados. Enquanto a inflação acumulada em 2013, até fim de novembro, atingiu 4,95%, os preços administrados foram corrigidos em apenas 0,9% e pedem atualização.
Fato notável é que esse discurso tromba com o do ministro Mantega. Para este, os preços dos combustíveis e da energia elétrica devem ser represados para segurar a inflação. Enquanto isso, o Banco Central afirma que esse atraso nos reajustes produz incertezas e, por tabela, inflação. Para as tarifas de energia elétrica, por exemplo, o Banco Central prevê um reajuste de 7,5% ao longo de 2014.
Outro risco tem a ver com a volatilidade nos mercados financeiros globais, provocados principalmente pelas condições precárias da economia da área do euro. Essa volatilidade tende a continuar a pressionar o câmbio interno (cotação do dólar) e, por esse canal, a aumentar em reais os preços dos produtos importados. Em contrapartida, a atividade econômica global, sobretudo nos Estados Unidos, deve melhorar e reduzir a atual tensão que toma os mercados e produz estragos na economia brasileira.
A terceira fonte de riscos para a inflação interna, aponta o Relatório, é o persistente aumento dos custos da mão de obra que, por sua vez, decorre da alta dos salários acima do aumento da produtividade da economia. Por trás desse quadro não estão apenas os aumentos mais generosos do salário mínimo, mas, também, "a margem estreita de ociosidade" do mercado de trabalho. Enfim, é o pleno-emprego concorrendo para aumento dos custos de produção e dos preços.
Denuncia, ainda, o impacto sobre a inflação produzido pelas negociações salariais, que atribuem "peso excessivo à inflação passada, em detrimento da inflação futura". Mas o Banco Central não deixa de pontuar que esses riscos tendem a se reduzir (não diz em quanto), graças a reajustes futuros mais baixos do salário mínimo e da remuneração dos funcionários públicos. Pelo que se vê, o Banco Central não levou em conta que, em ano eleitoral, governadores e governo federal tendem a ser mais pródigos com os servidores públicos.
No mais, o Banco Central avisa que o avanço econômico no período de 12 meses terminado em outubro de 2014 não deve ser superior a 2,3%. A novidade aí é que, diferentemente dos anos anteriores, em que embarcava em projeções otimistas para a atividade econômica, o Banco Central se contenta agora com número bem mais realista. Melhor assim.
É o que está no Relatório Trimestral de Inflação, um dos mais importantes documentos do Banco Central, que avalia todos os fatores que direta ou indiretamente têm a ver com a formação de preços. Desta vez, o Banco Central chama a atenção para a persistência de três principais riscos, não só de inflação, como, também, das expectativas dos formadores de preços em relação a ela.
O primeiro deve ser entendido como advertência ao governo. É o forte desalinhamento dos preços administrados, aqueles que dependem de autorização dos ministros para serem reajustados. Enquanto a inflação acumulada em 2013, até fim de novembro, atingiu 4,95%, os preços administrados foram corrigidos em apenas 0,9% e pedem atualização.
Fato notável é que esse discurso tromba com o do ministro Mantega. Para este, os preços dos combustíveis e da energia elétrica devem ser represados para segurar a inflação. Enquanto isso, o Banco Central afirma que esse atraso nos reajustes produz incertezas e, por tabela, inflação. Para as tarifas de energia elétrica, por exemplo, o Banco Central prevê um reajuste de 7,5% ao longo de 2014.
Outro risco tem a ver com a volatilidade nos mercados financeiros globais, provocados principalmente pelas condições precárias da economia da área do euro. Essa volatilidade tende a continuar a pressionar o câmbio interno (cotação do dólar) e, por esse canal, a aumentar em reais os preços dos produtos importados. Em contrapartida, a atividade econômica global, sobretudo nos Estados Unidos, deve melhorar e reduzir a atual tensão que toma os mercados e produz estragos na economia brasileira.
A terceira fonte de riscos para a inflação interna, aponta o Relatório, é o persistente aumento dos custos da mão de obra que, por sua vez, decorre da alta dos salários acima do aumento da produtividade da economia. Por trás desse quadro não estão apenas os aumentos mais generosos do salário mínimo, mas, também, "a margem estreita de ociosidade" do mercado de trabalho. Enfim, é o pleno-emprego concorrendo para aumento dos custos de produção e dos preços.
Denuncia, ainda, o impacto sobre a inflação produzido pelas negociações salariais, que atribuem "peso excessivo à inflação passada, em detrimento da inflação futura". Mas o Banco Central não deixa de pontuar que esses riscos tendem a se reduzir (não diz em quanto), graças a reajustes futuros mais baixos do salário mínimo e da remuneração dos funcionários públicos. Pelo que se vê, o Banco Central não levou em conta que, em ano eleitoral, governadores e governo federal tendem a ser mais pródigos com os servidores públicos.
No mais, o Banco Central avisa que o avanço econômico no período de 12 meses terminado em outubro de 2014 não deve ser superior a 2,3%. A novidade aí é que, diferentemente dos anos anteriores, em que embarcava em projeções otimistas para a atividade econômica, o Banco Central se contenta agora com número bem mais realista. Melhor assim.
21 de dezembro de 2013
CELSO MING, O Estado de S.Paulo
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