"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 22 de dezembro de 2013

GOVERNADOR MAIS BEM AVALIADO EM PESQUISA TEM GASTO ALTO COM PROPAGANDA

 
Uma gestão de poucos conflitos e gastos altos em publicidade rendeu a Omar Aziz (PSD-AM) o posto de governador mais popular do país.
 
Pesquisa CNI/Ibope divulgada neste mês mostrou que 74% dos amazonenses consideram o seu governo ótimo ou bom. Aziz também lidera em confiança do público: 75%.
 
Ficou à frente de colegas como o presidenciável Eduardo Campos (PSB-PE), segundo mais bem avaliado com 58% de ótimo/bom, e o tucano Geraldo Alckmin (PSDB-SP), que, com 31%, é o 14º.
 
Se nos bastidores o resultado foi uma surpresa para o próprio governo –que classificou o levantamento como um "presente de Natal"–, analistas e políticos locais acreditam ter a receita dessa popularidade.
 
Para o antropólogo Ademir Ramos, que inegra o núcleo de cultura política da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), Aziz colhe os frutos dos investimentos que fez em publicidade.
 
 Alan Marques-16.out.2012/ Folhapress 
Governador Omar Aziz (PSD), o mais bem avaliado em pesquisa
Governador Omar Aziz (PSD), o mais bem avaliado em
recente pesquisa
 
PUBLICIDADE
A gestão gastou, por exemplo, R$ 82 milhões em propaganda em 2012 (valor inclui pessoal da pasta e é quase o dobro gasto no vizinho Pará, de economia de porte semelhante). Supera os investimentos em apoio à pesquisa (R$ 70,5 milhões) ou em órgão ambiental (R$ 22,2 milhões).
 
As inserções, produções de alta qualidade, costumam ocupar horário nobre. "O Estado é muito grande, e rádio e TV são os principais canais com a população", justifica a secretária de Comunicação de Aziz, Lúcia Gama. Entre os temas da publicidade, há áreas em que o governo ainda patina, como segurança (homicídios dolosos avançaram 10% desde 2010), e obras por fazer, como a cidade universitária.
 
"O governo tem usado propaganda como meio de campanha antecipada: o que tem feito e o que ainda será", avalia Tiago Jacaúna, professor de ciências sociais na Ufam. Quem também trabalha pela imagem do governo é a primeira-dama Nejmi Aziz, presidente do PSD local. Presença constante em ações assistenciais e em colunas sociais, ela mantém uma equipe só para redes sociais.
 
PERFIL
O perfil mais conciliador rende dividendos políticos ao governador, que era vice, assumiu em 2010 após a renúncia do hoje senador Eduardo Braga (PMDB) e foi reeleito em primeiro turno. "Ele tem carisma. É um homem de poucos atritos", reconhece o deputado estadual Marcelo Ramos (PSB), opositor ferrenho de Aziz.
 
A boa costura política se reflete no cenário da sucessão –o governador é próximo dos três pré-candidatos mais fortes: o antecessor Braga, o atual vice, José Melo (Pros), e a deputada federal Rebecca Garcia (PP).
 
"Aziz não tem escândalo na gestão e deverá ser o fiel da balança na eleição", diz o líder do governo no Legislativo, Sinésio Campos (PT). Filho de pai palestino e mãe brasileira, Aziz, 55, nasceu em Garça (SP). Morou no Peru na infância e mudou-se, ainda adolescente, com a família para Manaus, em 1971.
 
Formou-se engenheiro civil e entrou na política em 1987 pelas mãos do ex-governador Amazonino Mendes (PDT), que o indicou para uma fundação. A sua carreira incluiu cargos como vereador, deputado estadual, vice-prefeito de Manaus e secretário de Segurança do Amazonas. Para Ramos, da Ufam, o governador ainda busca uma identidade para a sua gestão. Outro desafio é deixar para trás a sombra de Eduardo Braga, hoje líder do governo no Senado, e polêmicas do passado.
 
 
Em 2004, já como vice-governador, Aziz foi investigado em CPI no Congresso por suspeita de ter feito programa com uma menina de 15 anos no ano anterior. Teve o nome retirado do relatório final em votação apertada: 8 a 7. Aziz nega as suspeitas. Eleito pelo PMN, o governador se filiou ao PSD em abril de 2011, convencido pelo ex-prefeito Gilberto Kassab, e ganhou a presidência da legenda no Amazonas.
 
22 de dezembro de 2013
LUCAS REIS Folha de S.Paulo

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