A apresentadora Fernanda Lima diz que já sofreu preconceito "por ser loira" e que a sexualidade do brasileiro, na prática, é mixa
Eram 11h30 da manhã da última terça-feira. No apartamento de Fernanda Lima, 36, e Rodrigo Hilbert, 33, no Rio de Janeiro, predominava o cheiro do almoço dos gêmeos João e Francisco, 5.
É que a cozinha é integrada à sala. São 110 m², sem suíte. A grande vantagem é a localização: avenida Delfim Moreira, de frente para o mar, no Leblon, bairro com fama de ter o metro quadrado mais caro do Brasil (R$ 21.900).
Com uma camiseta em que se lia a inscrição "animais são amigos", Hilbert, que apresenta um programa gastronômico no GNT, preparava a "boia". Por opção, o casal decidiu não contar com os serviços de babá. Há uma diarista "faz-tudo", e só.
O espírito da decoração da sala, onde recebem amigos como Gloria Maria e Leo Jaime, segue a linha do luxo despojado. Há um jogo das célebres poltronas moles do designer brasileiro Sergio Rodrigues. Um quadro de Dudi Maia Rosa, outro de Felipe Cama. Não há tapetes. Na bancada abaixo do janelão, um órgão, um skate e meia dúzia de esteiras de ioga. Na mesa ao lado do sofá, estatuetas de Buda e de Ganesha (divindade hindu) e vela aromática.
Então a porta da rua se abre e entra Fernanda Lima com os dois meninos. Veste tênis, jeans justo e camisa. Já havia ido ao supermercado. Depois das compras, levou as crianças para cortar cabelo --os três na mesma bicicleta.
Ela sorri e pede ao repórter Morris Kachani um tempo para se maquiar. E avisa: "Não suporto ser fofinha. Tenho um humor superácido". Será? Minutos depois, é chegada a hora de comer. "Me-ri-to-cra-cia", diz ela a João e Francisco, enquanto os acomoda na bancada da cozinha. "Meritocracia", repetem. "Para comer chiclete...", pergunta a mãe. "Vai ter que almoçar!", completam os filhos.
É o último dia de aula dos meninos. Na quarta-feira, partiriam todos para uma temporada de férias no Havaí. Tempo para meditar sobre as grandes transformações ocorridas em 2013, ano em que Fernanda "bombou" como nunca. Mas que também registrou a morte de Gisela Matta, 36, que coproduzia "Amor & Sexo", apresentado por Fernanda, e foi atropelada por um ônibus quando saía de bicicleta do apartamento do casal, depois do almoço de Páscoa.
A atração está em sua sétima temporada na Globo. Registrou média de audiência de 16 pontos neste ano, com 46% de participação nos domicílios. Há duas semanas, contudo, a ex-modelo se projetou internacionalmente. Foi chamada de "deusa", "musa" e "anjo" por conta da apresentação no sorteio das chaves da Copa, na Costa do Sauipe, na Bahia. Usava sapatos Louboutin e tubinho Hervé Leger com decote generoso. Brilhava ao lado do marido.
Fernanda se diz surpresa com a repercussão. "O Rodrigo foi tão bem quanto eu, não entendo", afirma, referindo-se ao fato de só ela ter recebido elogios. "Um dia depois do sorteio, passei três horas chorando na cama. Uma tristeza por estar longe dos meninos. Enquanto o mundo me exaltava, eu tinha que estar bem para gravar o programa [Amor & Sexo'] na TV."
Quanto à polêmica sobre racismo desencadeada pela informação de que a Fifa teria trocado Camila Pitanga e Lázaro Ramos por ela e Hilbert como apresentadores, Fernanda diz: "Eu tinha sido chamada há seis meses. O que sei é que a Globo apresentou um casting para a Fifa, que nos escolheu. Já havíamos feito a escolha do emblema do Brasil na África do Sul, em 2010".
"Quem me conhece sabe como sou. Prefiro deixar passar, o tempo fala por si. Tenho um monte de amigos e afilhados negros", afirma.
"Mas é óbvio que há preconceito de cor no Brasil", segue. "Aliás, eu também já fui vítima de preconceito. Por ser modelo, por ser loira." Segundo ela, o teste do sofá (em que diretores poderosos seduzem meninas jovens que aspiram a um trabalho) não é mito --acontece mesmo. "Sempre vi tudo isso. E sempre preferi o caminho mais longo."
A conversa se move para "Amor & Sexo", que fala sobre os dois temas em horário nobre na TV. "É difícil escrever esse programa, porque nele as pessoas não podem se ofender, é uma atração para a família."
Para ela, a sexualidade do brasileiro, na prática, é "mixa". "A liberdade do corpo, a dança, o funk, afloram nossa sensualidade. Mas isso é aparência. Na cama, em si, é diferente. O sentir profundo está muito precário."
"A descoberta do prazer da mulher é muito recente. Ela está à vontade e até avaliando os homens, mas pode descobrir muito mais coisas." Quanto ao homem, "ele diz que pega, que puxa o cabelo, que come todas --tudo no blá-blá-blá, a gente sabe da performance do vizinho".
E como seria o amor e o sexo na vida de Fernanda? "Graças a Deus consegui conciliar as duas coisas", ela diz. "Mas claro que já fiz muitas loucuras." De que tipo? "Dentro de um parâmetro normal. Vamos dizer, mais quantitativo e menos qualitativo. Do tipo experimentar sexo na primeira noite", responde. "Não sou tão moderna quanto pareço. Sou bastante conservadora em alguns sentidos." Diz que jamais assistiu a filmes pornográficos. "Nunca me serviram de combustível."
Na adolescência, ela se achava feia. Hoje se considera bonita "pelo conjunto da obra". Paqueras acontecem "com certa frequência". "Mais do convencional, aquela cantada de obra'. Quando é com educação e inteligência, a gente fica envaidecida."
Ela afirma que nunca usou drogas e não bebe. "Não gosto de sair do controle."
Com idas e vindas, Fernanda e Rodrigo começaram a namorar em 2002. "Temos uma história bonita." Em um período de crise, ela se envolveu com Ricardo Waddington, que hoje dirige seu programa. "Transformamos esse amor em uma relação de amizade e parceria", diz. Waddington se derrete: "Ela será certamente uma das principais comunicadoras da Globo nos próximos anos".
Profissionalmente, o ano de 2014 começa para Fernanda no dia 13 de janeiro, quando apresentará o Bola de Ouro da Fifa, evento que elegerá o melhor jogador de 2013, na Suíça. Planeja também abrir uma filial, no shopping Iguatemi, do restaurante Maní, do qual é sócia em SP.
Os planos da Globo ainda são incertos. Uma nova temporada de "Amor & Sexo", um outro programa vespertino e a participação na programação da Copa estão no horizonte. Nada mal para a ex-modelo gaúcha que, há sete anos, foi achincalhada como protagonista de "Bang Bang", novela das sete que patinou na emissora carioca, também dirigida por Waddington.
"[O homem] Diz que pega, que puxa o cabelo, que come todas --tudo no blá-blá-blá"
"Claro que já fiz muitas loucuras. Do tipo experimentar sexo na primeira noite"
"[Filmes pornô] Nunca me serviram de combustível"
Eram 11h30 da manhã da última terça-feira. No apartamento de Fernanda Lima, 36, e Rodrigo Hilbert, 33, no Rio de Janeiro, predominava o cheiro do almoço dos gêmeos João e Francisco, 5.
É que a cozinha é integrada à sala. São 110 m², sem suíte. A grande vantagem é a localização: avenida Delfim Moreira, de frente para o mar, no Leblon, bairro com fama de ter o metro quadrado mais caro do Brasil (R$ 21.900).
Com uma camiseta em que se lia a inscrição "animais são amigos", Hilbert, que apresenta um programa gastronômico no GNT, preparava a "boia". Por opção, o casal decidiu não contar com os serviços de babá. Há uma diarista "faz-tudo", e só.
O espírito da decoração da sala, onde recebem amigos como Gloria Maria e Leo Jaime, segue a linha do luxo despojado. Há um jogo das célebres poltronas moles do designer brasileiro Sergio Rodrigues. Um quadro de Dudi Maia Rosa, outro de Felipe Cama. Não há tapetes. Na bancada abaixo do janelão, um órgão, um skate e meia dúzia de esteiras de ioga. Na mesa ao lado do sofá, estatuetas de Buda e de Ganesha (divindade hindu) e vela aromática.
Então a porta da rua se abre e entra Fernanda Lima com os dois meninos. Veste tênis, jeans justo e camisa. Já havia ido ao supermercado. Depois das compras, levou as crianças para cortar cabelo --os três na mesma bicicleta.
Ela sorri e pede ao repórter Morris Kachani um tempo para se maquiar. E avisa: "Não suporto ser fofinha. Tenho um humor superácido". Será? Minutos depois, é chegada a hora de comer. "Me-ri-to-cra-cia", diz ela a João e Francisco, enquanto os acomoda na bancada da cozinha. "Meritocracia", repetem. "Para comer chiclete...", pergunta a mãe. "Vai ter que almoçar!", completam os filhos.
É o último dia de aula dos meninos. Na quarta-feira, partiriam todos para uma temporada de férias no Havaí. Tempo para meditar sobre as grandes transformações ocorridas em 2013, ano em que Fernanda "bombou" como nunca. Mas que também registrou a morte de Gisela Matta, 36, que coproduzia "Amor & Sexo", apresentado por Fernanda, e foi atropelada por um ônibus quando saía de bicicleta do apartamento do casal, depois do almoço de Páscoa.
A atração está em sua sétima temporada na Globo. Registrou média de audiência de 16 pontos neste ano, com 46% de participação nos domicílios. Há duas semanas, contudo, a ex-modelo se projetou internacionalmente. Foi chamada de "deusa", "musa" e "anjo" por conta da apresentação no sorteio das chaves da Copa, na Costa do Sauipe, na Bahia. Usava sapatos Louboutin e tubinho Hervé Leger com decote generoso. Brilhava ao lado do marido.
Fernanda se diz surpresa com a repercussão. "O Rodrigo foi tão bem quanto eu, não entendo", afirma, referindo-se ao fato de só ela ter recebido elogios. "Um dia depois do sorteio, passei três horas chorando na cama. Uma tristeza por estar longe dos meninos. Enquanto o mundo me exaltava, eu tinha que estar bem para gravar o programa [Amor & Sexo'] na TV."
Quanto à polêmica sobre racismo desencadeada pela informação de que a Fifa teria trocado Camila Pitanga e Lázaro Ramos por ela e Hilbert como apresentadores, Fernanda diz: "Eu tinha sido chamada há seis meses. O que sei é que a Globo apresentou um casting para a Fifa, que nos escolheu. Já havíamos feito a escolha do emblema do Brasil na África do Sul, em 2010".
"Quem me conhece sabe como sou. Prefiro deixar passar, o tempo fala por si. Tenho um monte de amigos e afilhados negros", afirma.
"Mas é óbvio que há preconceito de cor no Brasil", segue. "Aliás, eu também já fui vítima de preconceito. Por ser modelo, por ser loira." Segundo ela, o teste do sofá (em que diretores poderosos seduzem meninas jovens que aspiram a um trabalho) não é mito --acontece mesmo. "Sempre vi tudo isso. E sempre preferi o caminho mais longo."
A conversa se move para "Amor & Sexo", que fala sobre os dois temas em horário nobre na TV. "É difícil escrever esse programa, porque nele as pessoas não podem se ofender, é uma atração para a família."
Para ela, a sexualidade do brasileiro, na prática, é "mixa". "A liberdade do corpo, a dança, o funk, afloram nossa sensualidade. Mas isso é aparência. Na cama, em si, é diferente. O sentir profundo está muito precário."
"A descoberta do prazer da mulher é muito recente. Ela está à vontade e até avaliando os homens, mas pode descobrir muito mais coisas." Quanto ao homem, "ele diz que pega, que puxa o cabelo, que come todas --tudo no blá-blá-blá, a gente sabe da performance do vizinho".
E como seria o amor e o sexo na vida de Fernanda? "Graças a Deus consegui conciliar as duas coisas", ela diz. "Mas claro que já fiz muitas loucuras." De que tipo? "Dentro de um parâmetro normal. Vamos dizer, mais quantitativo e menos qualitativo. Do tipo experimentar sexo na primeira noite", responde. "Não sou tão moderna quanto pareço. Sou bastante conservadora em alguns sentidos." Diz que jamais assistiu a filmes pornográficos. "Nunca me serviram de combustível."
Na adolescência, ela se achava feia. Hoje se considera bonita "pelo conjunto da obra". Paqueras acontecem "com certa frequência". "Mais do convencional, aquela cantada de obra'. Quando é com educação e inteligência, a gente fica envaidecida."
Ela afirma que nunca usou drogas e não bebe. "Não gosto de sair do controle."
Com idas e vindas, Fernanda e Rodrigo começaram a namorar em 2002. "Temos uma história bonita." Em um período de crise, ela se envolveu com Ricardo Waddington, que hoje dirige seu programa. "Transformamos esse amor em uma relação de amizade e parceria", diz. Waddington se derrete: "Ela será certamente uma das principais comunicadoras da Globo nos próximos anos".
Profissionalmente, o ano de 2014 começa para Fernanda no dia 13 de janeiro, quando apresentará o Bola de Ouro da Fifa, evento que elegerá o melhor jogador de 2013, na Suíça. Planeja também abrir uma filial, no shopping Iguatemi, do restaurante Maní, do qual é sócia em SP.
Os planos da Globo ainda são incertos. Uma nova temporada de "Amor & Sexo", um outro programa vespertino e a participação na programação da Copa estão no horizonte. Nada mal para a ex-modelo gaúcha que, há sete anos, foi achincalhada como protagonista de "Bang Bang", novela das sete que patinou na emissora carioca, também dirigida por Waddington.
"[O homem] Diz que pega, que puxa o cabelo, que come todas --tudo no blá-blá-blá"
"Claro que já fiz muitas loucuras. Do tipo experimentar sexo na primeira noite"
"[Filmes pornô] Nunca me serviram de combustível"
22 de dezembro de 2013
Mônica Bergamo, Folha de SP
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