"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 22 de dezembro de 2013

A POLÍTICA ALZHEIMER

 

Derrotado por três vezes, no Tribunal de Justiça de São Paulo, no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal, o prefeito Fernando Haddad (PT) desistiu de aumentar o IPTU da capital paulista.
E, como é usual no petismo, usou a pobreza como argumento, apelando para a luta de classes: a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), uma das responsáveis pela ação contra o reajuste, versus a Prefeitura, pintadas como casa grande e senzala.

"A casa grande não deixa a desigualdade ser reduzida na cidade”, disse Haddad. Como se o aumento de até 20% para residências e de até 35% para imóveis comerciais tivesse o propósito de desonerar os pobres e não o de fermentar o seu bolo em mais de R$ 800 milhões em ano eleitoral.

Memória curta. Em outubro, Haddad confessara que o aumento do IPTU seria para custear as tarifas de ônibus depois de o reajuste da passagem, em R$ 0,20, ser impedido pelas manifestações juninas. Agora, convenientemente, o papo é outro: diz que sem o adicional vai ter de cortar fundo nos investimentos em educação e saúde.

Haddad não é a única vítima da política Alzheimer. Nas regras do PT, em que governar é permanecer no palanque para garantir a eleição seguinte, o dito pelo não dito é uma constante.

Fernando Haddad, prefeito de São Paulo. Foto: ABr
Quem cobra as promessas da presidente Dilma Rousseff como a de construir seis mil creches? Quem se lembra do ex Lula com as mãos sujas de óleo negro anunciando, em 2006, a autossuficiência de petróleo - que, se vier, chegará depois de 2020? Cadê a Ferrovia Norte-Sul, a transposição do Rio São Francisco?

Isso sem contar a última do ministro Alexandre Padilha, candidato de Lula ao governo de São Paulo. Ele mandou comprar tablets para os médicos estrangeiros do Mais Médicos, mas se esqueceu de que os postos do SUS não estão conectados à internet.
Jogou dinheiro no lixo. Recuperado do lapso, diz agora que está licitando a banda larga.
Parece piada, mas não é.

Na sexta-feira, a Receita Federal divulgou mais um recorde perverso: em 2012, os impostos comeram 35,85% da renda dos brasileiros, superando o recorde de 35,31% de 2011, que, por sua vez, batia o do ano anterior.
Uma carga tributária obscena entre os países emergentes e até mesmo se comparada à dos Estados Unidos, em torno de 25% do PIB. Só perde para países europeus tops do mundo na excelência de serviços e qualidade de vida.

É muito suor para pouquíssimo retorno. Algo que não se resolve com versões para estimular os apagões de memória dos brasileiros. Algo que não dá para jogar na conta de ricos versus pobres, da casa grande e senzala. A obra de Gilberto Freyre não abriga tamanha desfaçatez.

22 de dezembro de 2013
Mary Zaidan é jornalista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário