Há muitos assuntos importantes em pauta, como a briga entre os militares e a Igreja, a reforma da Previdência, o acobertamento da importância da dívida pública, a falência de estados e municípios, mas a prioridade deve ser a crise interna do governo. Como dizia Gonzaguinha, não dá mais para segurar. Ou Bolsonaro se livra da influência dos três filhos e passa a ouvir o núcleo duro do Planalto (vice Hamilton Mourão e ministros Augusto Heleno, Santos Cruz e Onyx Lorenzoni) ou não conseguirá governar e levará este país a uma encruzilhada sinistra.
Nenhum governante pode colocar sua família no poder. Não existe isso, jamais se viu isso, não se pode admitir isso. Nem mesmo os imperadores devem correr esse risco, é preferível que sejam aconselhados por assessores externos, basta ver o que está acontecendo na Arábia Saudita.
INSEGURANÇA – A eleição de Bolsonaro ocorreu num clima de união e esperança, mas o próprio presidente estava colocando tudo a perder. Sua opção preferencial pelos filhos era um equívoco grotesco, uma jogada arriscadíssima, porque estava semeando a insegurança institucional, como acertadamente Rodrigo Maia advertiu, ao criticar esse “governo familiar”.
A fritura do ministro Gustavo Bebianno, para atender aos interesses do filho preferido, foi um erro grotesco, bizarro e patético. Como argumentaram o vice Hamilton Mourão e o presidente da Câmara, Bebianno é um excelente quadro, não é nenhum alpinista social. Todos só têm elogios à sua atuação, por isso o núcleo duro do Planalto se uniu em sua defesa.
Bebianno é um advogado de renome, que era associado ao escritório de Sergio Bermudes, um dos mais importantes do país. Carlos Bolsonaro pensou que poderia demiti-lo com um simples faniquito, mas não é assim que a banda toca. Os militares apoiaram Bolsonaro, estão tocando o governo dele, mas não aceitam injustiças.
BEBIANNO NÃO ERROU – O núcleo duro do Planalto sabe que Bebianno foi coordenado da campanha, dedicou-se por inteiro à eleição de Bolsonaro e assumiu interinamente a presidência do PSL, sem maior envolvimento com o partido.
Havia verbas disponíveis do Fundo Eleitoral que foram requisitadas pelos diretórios de Minas Gerais e Pernambuco. No caso, Bebianno apenas assinou a liberação, não conhecia nem jamais tinha ouvido falar nos candidatos beneficiados nem tinha o menor controle sobre a utilização final dos recursos, porque isso era responsabilidade dos Diretórios estaduais.
Ouvir o “conselho” do filho e forçar a demissão de Bebianno foi um erro brutal de Bolsonaro, porque Carlos disse ao pai que o ministro tinha mentido, ao afirmar que havia falado com o presidente. Mas Bebianno realmente tinha mandado mensagens a Bolsonaro através do WhatsApp, não era mentira.
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P.S. 1 – Ontem à noite, o jornal do SBT revelou que Benianno será demitido segunda-feira. Será mais um erro, mas pode se transformar em acerto, caso o presidente se livre mesmo da perniciosa influência dos filhos e passe a governar consultando apenas os assessores que ele próprio nomeou, porque tem confiança neles.
P.S. 1 – Ontem à noite, o jornal do SBT revelou que Benianno será demitido segunda-feira. Será mais um erro, mas pode se transformar em acerto, caso o presidente se livre mesmo da perniciosa influência dos filhos e passe a governar consultando apenas os assessores que ele próprio nomeou, porque tem confiança neles.
P.S. 2 – Nessa investigação da Polícia Federal sobre Bebianno quem vai se lascar é o presidente do PSL, Luciano Bivar, que é uma espécie de “dono do partido” e contratou a empresa do próprio filho por R$ 250 mil. O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro, também vai dançar. (C.N.)
16 de fevereiro de 2019
Carlos Newton
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