"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 16 de fevereiro de 2019

BEBIANO RECUSA CARGO OFERECIDO POR BOLSONARO E RETORNA "ÀS SUAS ORIGENS"

Gustavo Bebianno, ministro da Secretaria-Geral — Foto: Reprodução/JN
Bebianno foi coordenador da campanha que elegeu Bolsonaro
De saída do governo de Jair Bolsonaro , o ministro Gustavo Bebianno , da Secretaria-Geral da Presidência, publicou um texto na madrugada deste sábado, em seu perfil no Instagram, em tom de desabafo: “O desleal, coitado, viverá sempre esperando o mundo desabar na sua cabeça”. A mensagem atribuída ao escritor Edgard Abbehusen acrescenta: “Saímos de qualquer lugar com a cabeça erguida ao carregar no coração a lealdade”. Bebianno não cita o nome do presidente na publicação.
Após uma semana turbulenta em que articulou para se manter no cargo , Bebianno decidiu, após uma conversa dura com o presidente Jair Bolsonaro, deixar o governo. Ele recusou o convite para ocupar a diretoria de uma estatal ou um cargo menor na estrutura federal. Em um diálogo tenso, com ataques de ambos os lados, o ministro teria dito que a oferta era uma demonstração de “ingratidão”.
LEALDADE – O texto publicado por Bebianno exalta a lealdade nas relações humanas. “A lealdade constrói pontes indestrutíveis nas relações humanas. E repare: quando perdemos por ser leal, mantemos viva nossa honra”, diz o trecho da mensagem.
Sem mencionar o presidente Bolsonaro em nenhum momento ou fazer qualquer comentário, a postagem diz que a lealdade “conduz os passos das pessoas que jamais irão se perder do caminho”, “nas turbulências” e “circunstâncias.”
“Uma pessoa leal, sempre será leal. Já o desleal, coitado, viverá sempre esperando o mundo desabar na sua cabeça”, encerra o texto.
DECEPÇÃO – A aliados, Bebianno confessou estar “decepcionado” com o capitão, como sempre chamou o presidente. Classificou o episódio como um “tiro na nunca de um comandante em seu soldado.”
Eleitor de Bolsonaro, Bebianno se aproximou do então deputado federal por intermédio do engenheiro Carlos Favoretto. Na época, se ofereceu para assumir a defesa de Bolsonaro em algumas ações e ganhou a confiança da família. Outsider na política, foi Bebianno que articulou a manobra que tirou Bolsonaro do Patriota e viabilizou sua candidatura pelo PSL.
Bebianno enfrenta um processo de desgaste provocado por denúncias envolvendo justamente supostas irregularidades na sua gestão à frente do caixa eleitoral do PSL, partido dele e de Bolsonaro.
CARLOS BOLSONARO – A crise foi amplificada pelo vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, que foi às redes sociais dizer que Bebianno mentiu ao falar ao Globo que havia conversado três vezes com o presidente na última terça-feira. A declaração foi dada para negar que ele não estava protagonizando a crise.
O presidente Jair Bolsonaro ofereceu na noite desta sexta-feira ao ministro Gustavo Bebianno um cargo que ele não poderia ocupar ao deixar a Secretaria-Geral da Presidência. Bolsonaro chegou a mencionar que Bebianno poderia ocupar uma diretoria de estatal. A função, segundo a Lei das Estatais, não pode ser ocupada por quem ocupou cargo de diretoria em partido político. Bebianno foi presidente do PSL entre janeiro e outubro de 2019 e vai deixar o cargo de ministro.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Com a demissão de Bebianno, que preferiu seguir a dica de Bolsonaro e retornar “às suas origens”, o presidente se enfraquece diante de sua equipe e da base aliada, ao demonstrar que o faniquito de um dos filhos é mais importante do que a estabilidade do governo. Agora, vamos esperar que Bolsonaro sofra um ataque de bom senso e coloque seus filhos em seus devidos lugares(C.N.)

16 de fevereiro de 2019
Jussara Soares
O Globo

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