O outro significado de “libertário” (N. do T.: ultra-liberais) foi inventado nos EUA no período das décadas de 1950 e 60. Ele foi designado para ser um novo nome para os defensores do liberalismo clássico individualista extremo do século 19. O que é fundamental para esta forma de “libertarismo” é limitar a definição de “liberdade” para liberdade negativa: ausência de coerção ou restrição. Portanto, você pode ver a definição entre os dois “libertarismos” em como eles enxergam a instituição do trabalho assalariado sob o capitalismo.
Para os libertários de esquerda, os anarquistas, ser compelido a trabalhar para empregadores, estar sujeito ao poder gerencial, é uma forma de opressão porque esmaga, invalida a sua auto-gestão e impede a realização do potencial dos trabalhadores assalariados que estão presos em empregos sem futuro.
Para os ultra-liberais, ser compelido a trabalhar para empregadores, ser comandados por patrões é coerente com a liberdade porque ninguém coloca uma arma em sua cabeça para pegar o emprego. E, por isso, não é coerção. A partir da perspectiva anarquista ou libertária de esquerda, isso é uma definição drasticamente pobre de “liberdade”.
Os anarquista não rejeitam necessariamente o “governo”. Como Kropotkin apontou, existe uma distinção entre estado e governo. O governo consiste das instituições de governança... criar regras, julgar disputas, auto-defesa social. Por outro lado, um estado é um aparato burocrático construído de cima para baixo com ordenação sobre forças militares e policiais, separado do controle real pela massa da população.
Ultra-liberais estão certos quanto a existência do estado, porque um estado é necessário para proteger a minoria capitalista ou a classe patronal. Seus desentendimentos com os liberais sociais e social-democratas sobre o estado são sobre o uso do estado fornecer sistemas de benefício social para beneficiar as massas de pessoas comuns... seguro-desemprego, leis de salário mínimo, sistemas de seguridade social, saúde pública, etc. Ultra-liberais se opõem a estas coisas.
Libertários de esquerda defendem sistemas de fornecimento de benefícios sociais tais como assistência médica gratuita, educação, ou transporte público, porém eles desejam que estes serviços sejam gerenciados diretamente pelos seus trabalhadores. Todavia, libertários de esquerda, anarquistas, se opõem ao estado por causa do seu outro lado, a sua utilização para defender e proteger os interesses das classes dominantes e exploradoras, tais como capitalistas e burocratas.
Portanto, os libertários de esquerda propõem substituir o estado com sistemas de poder popular direto baseado na democracia direta das assembléias nos locais de trabalho e bairros, e organismos delegados intimamente controlados pela assembléia de base. Deste modo, nós poderíamos dizer que eles desejam governança sem o estado.
Traduzido por Rodrigo Viana. Para ler o artigo original clique aqui.
25 de agosto de 2018
Tom Wetzel
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