"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

PSIQUIATRA FORENSE CRITICA A EXCESSIVA INDULGÊNCIA COM OS CRIMINOSOS NO BRASIL

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Caixeta expõe claramente a gravidade da situação
Vou aqui repassar minha experiência de 35 anos em unidades psiquiátricas-forenses hospitalares. Minha tese é de que, para deter as rebeliões/chacinas nos presídios, de nada adiantará “políticas de direitos humanos”, “recursos e mais recursos”, “comissões”, ou seja, o “blábláblá” de sempre… Atualmente dirijo uma unidade hospitalar psiquiátrica-forense destas, voltada para adolescentes. Tenho especialização em psiquiatria criminal (forense) e em psiquiatria do adolescente, pela Universidade de Paris.
Existe uma ciência chamada “etologia” que estuda o comportamento e desenvolvimento comportamental animal. Faz parte da biologia. A biologia mostra que, se você tampar os olhos de um gatinho, logo depois que ele nasce, por um pequeno período de tempo, depois, mesmo se você destampar os olhos dele, ele não vai voltar a enxergar, as células do cérebro dele responsáveis pela visão já “morreram”, não se desenvolvem mais. São os chamados “developmental tender points”, ou “pontos sensíveis do desenvolvimento”. Uma vez ultrapassados, não há mais volta…
SEM DISCIPLINA –Na psicologia infantil-juvenil há a mesma coisa: se você não aplicar a disciplina amorosa e o senso de responsabilidade/dever/ trabalho, numa determinada fase, depois não se conserta mais. Isso está acontecendo com a juventude de hoje:  não recebem disciplina, ocupação, responsabilidade, dever, na época certa. Não aprendem a trabalhar. Depois só irão “curtir os prazeres da vida”, não terão aprendido o “prazer do trabalho”. Irão transformar-se em animais, viver para o prazer das drogas, comida, sexo, o prazer da agressividade, lutas, guerras etc.
Isto é um problema da sociedade ocidental atual, que vive de “passar a mão na cabeça” da molecada, “a psicóloga disse que não pode bater”. Criança precisa, sim, ser contrariada, se necessário, precisa, sim, levar palmada. Não pode se julgar a dona do mundo, melhor do que todos, dona do próprio nariz, a “rainha do pedaço”, o “reizinho que tem de ser satisfeito em tudo”.
RESPONSABILIDADE – O amor disciplinado tem de contrariar, tem de castrar. Na época certa tem de dar a tarefa, a responsabilidade, o estudo, o trabalho. Isso, na família de antigamente, ficava muito a cargo do pai. Mas a “função paterna”, hoje em dia, foi destruída, foi anulada. Colocaram a “psicologia”, os “direitos humanos”, os “meus direitos”, o prazer, as “garantias do Governo”, no seu lugar…
Resultado: depois que a pessoa não aprendeu a trabalhar, ” babau”… Não aprende mais; vai querer curtir a vida com outras coisas, que não o prazer da realização, do trabalho, da “coisa-bem-feita”.
Vai ter prazer só nas coisas “biológicas”, inclusive na luta. Esse povo das gangues intrapenitenciárias tem “prazer em brigar”, tem “prazer em matar”, e isso nossa “sociedade da psicologia”, dos “direitos humanos”, não quer aceitar.
O PRAZER DE MATAR – Eles estão superfelizes, estão se esbaldando, de tanto guerrear, matar, trucidar, esquartejar. É o prazer deles. Um prazer tanto maior porque turbinado, além dos fatores psicossociais acima, pela lesão cerebral produzida pelas drogas e pelas disfunções cerebrais produzidas pelas genéticas das quais muitos são portadores: hiperatividade, transtorno bipolar, distúrbio de personalidade psicopática, alterações cerebrolesionais do comportamento (“impulsividade e agressividade orgânica”) etc.
Então, com doença, com droga, com toda uma deformação social, psicológica, familiar, são praticamente incuráveis. Se há incurabilidade, têm, sim, de ficar fechados, pois a sociedade precisa de paz para viver e trabalhar. No entanto, mais uma vez, as políticas governamentais vão é na contramão disso tudo : “vamos soltar eles, gente”, “50% está preso injustamente”, “são criminosos de crimes pequenos” etc.
ANJINHO NA CADEIA? – Olhem, vou dizer a vocês, após 35 anos lidando com esta população, nunca eu vi um “preso injustamente”, nunca vi um “anjinho na cadeia”. Pelo contrário, quando são presos é porque já é tarde demais, já cometeram crimes demais… Se nossa população carcerária cresce não é por causa de “falta de direitos humanos”, pelo contrário. Ela cresce porque o Brasil é o país mais permissivo, mais frouxo do mundo, mais libertino do mundo, mais “pode-fazer-o-que-quiser” do mundo, mais sem as regras e sem a obediência do mundo. É claro que vai ter muito crime mesmo, muito homicídio, muita prisão…
Aqui pode tudo, esse povo faz de tudo, e quando é preso aí vem reclamar da “falta de liberdade”. Solução para esse povo? É reclusão mesmo, senão a sociedade não tem paz, como agora não vem tendo… É claro, que, ao meu ver, não é apenas “recluir por recluir”. No meu entender, prisões deveriam ser hospitais psiquiátricos, com tratamento, ocupação, psicoterapia, medicação que se fizer necessária. Avaliações periódicas para ver se há melhora. Se não há melhora, que continuem presos. Antes eles do que nós. (Artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)

10 de agosto de 2018
Marcelo Ferreira Caixeta



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